Conselho de Segurança
16 de dezembro de 2011A Europa e os Estados Unidos receberam bem o projeto de resolução apresentado pela Rússia no Conselho de Segurança da ONU. No texto, o governo russo condena a violência com que o presidente sírio, Bashar al-Assad, vem reprimindo as manifestações que pedem o fim do seu governo.
Apesar de classificarem o texto como fraco e insuficiente, representantes dos países ocidentais afirmaram que ele pode ser o ponto de partida para uma negociação, a fim de que o conselho finalmente consiga aprovar alguma resolução sobre a situação na Síria, nove meses após o início dos protestos que, segundo a ONU, já causaram a morte 5 mil pessoas.
A secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, já adiantou que não concorda com alguns trechos da proposta russa, mas garantiu que vai analisar o texto cuidadosamente. "Tomara que nós possamos trabalhar com os russos, que pela primeira vez estão pelo menos reconhecendo que esta é uma questão que precisa passar pelo Conselho de Segurança", afirmou Clinton em Washington.
Em Londres, o ministro britânico do Exterior, Alistair Burt, afirmou que a Rússia pode ter em mãos a chave para apertar as sanções contra a Síria, mas que os ingleses vão continuar buscando maneiras de impor sanções ao regime de Assad via União Europeia. "Continuaremos buscando novas maneiras de colocar pressão sobre o regime sírio por meio de restrições financeiras, da energia ou do transporte", afirmou Burt.
O embaixador alemão na ONU, Peter Wittig, concorda que a proposta russa não é suficiente. No entanto, ele disse que agora há espaço para superar as diferenças e quebrar o "insuportável silêncio" do Conselho de Segurança com relação à Síria. Seu colega francês, Gérard Araud, chamou o avanço russo de um "acontecimento extraordinário", mas disse que o texto é incompleto e precisa ser complementado. Segundo ele, a proposta demonstra que a Rússia sentiu a pressão internacional.
Rússia surpreendeu
A proposta apresentada pela Rússia nesta quinta-feira (15/12) surpreendeu os outros integrantes do conselho. Aliado da Síria, o país vinha tentando bloquear uma intervenção do conselho no país e, juntamente com a China, chegou a vetar uma resolução do conselho proposta pelos países europeus em outubro, condenando as ações de Assad. Além de Rússia e China, têm assento permanente no Conselho de Segurança da ONU – e com ele, poder de veto a resoluções – os Estados Unidos, a França e o Reino Unido.
Apesar de não sugerir sanções ao presidente sírio, o projeto russo condena firmemente a violência "de todas as partes, incluindo o desproporcional uso da força pelas autoridades sírias". Ele também pede que o governo sírio "coloque um fim na repressão daqueles que exercem seu direito de liberdade de expressão e de fazer reuniões e associações pacíficas". No entanto, a proposta também foi classificada por outros países como desbalanceada por colocar no mesmo patamar a violência da parte do governo e as reações dos manifestantes.
Uma das preocupações na Síria é o início de uma guerra civil ainda mais violenta no país, especialmente após a morte de 27 soldados de Assad na cidade de Deraa e em suas proximidades por desertores, segundo um grupo de ativistas. Os países ocidentais querem agir antes que a violência aumente ainda mais.
MSB/rtr/afp/dpa
Revisão: Alexandre Schossler