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ConflitosOriente Médio

Há 1 milhão de desabrigados no Líbano, diz governo

29 de setembro de 2024

Primeiro-ministro libanês Najib Mikati afirma que país vive maior deslocamento da sua história devido aos ataques de Israel; um sexto da população está em abrigos ou na rua.

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Pai e filho improvisam uma barraca no carro com cobertores e colchão
Menino de cinco anos e seu pai, em abrigo improvisado em Beirute, após serem deslocados de casa pelos bombardeios israelenses Foto: Carl Court/Getty Images

Cerca de um milhão de pessoas fugiram de suas casas nos últimos dias no Líbano devido à campanha de ataques sem precedentes de Israel no sul e no leste do país e nos subúrbios de Beirute, anunciou o primeiro-ministro libanês Najib Mikati neste domingo (29/09).

"O número é grande, estima-se que 1 milhão foram forçadas a se deslocar de um lugar para outro nos últimos dias. É considerada a maior operação de deslocamento da história do Líbano", afirmou, em coletiva de imprensa. O contintente de deslocados anunciado pelo governo representa um sexto da populaçao do país.

"O gerenciamento desse deslocamento não depende apenas de encontrar abrigo e comida para essas pessoas, mas há outras coisas, como garantir o saneamento nesses centros de recepção para evitar a propagação de doenças ou o problema do acúmulo de lixo", disse Mikati.

Inimigos de longa data, o Hezbollah e Israel têm se envolvido em ataques quase diários desde que o grupo extremista palestino Hamas lançou um ataque terrorista contra Israel em 7 de outubro. Na última semana, a ofensiva se agravou, ameaçando se espalhar pelo Oriente Médio. 

Pessoas caminham sobre destroços em meio a prédios carcomidos por bombas e tiros
O que sobrou após bombardeio que matou o líder do Hezbollah Hassan NasrallahFoto: AFP/Getty Images

Fim das hostilidades fora do radar

Mikati afirma que seu país "não tem outra opção a não ser a diplomacia". Ele apela à resolução 1701 do Conselho de Segurança da ONU, de agosto de 2006, que exigiu o fim das hostilidades entre Israel e o Hezbollah.

"O Líbano tem fé na comunidade internacional, na legitimidade internacional e na ONU, e não acredita na lei do mais forte", disse.

Em 2006, mais de mil pessoas foram mortas ao longo de um mês de conflito entre Israel e o movimento xiita libanês. O estopim da guerra foi o lançamento de foguetes pelo Hezbollah contra Israel, matando oito soldados israelenses, além de dois capturados.

Na atual escalada da ofensiva, as forças militares israelenses já mataram mais de 700 libaneses, segundo o Ministério da Saúde do Líbano. Só na segunda-feira, foram mais de 500 mortos, em bombardeios e ataques de pagers e walkie-talkies explosivos, o dia mais sangrento no país desde o fim da Guerra Civil libanesa, em 1990.

Na sexta-feira, ataques aéreos israelense atingiram o QG do Hezbollah e mataram dirigentes do grupo extremista, incluindo o líder Sayyed Hassan Nasrallah, considerado então o homem mais poderoso do Líbano.

No sábado e domingo, após anunciar a morte do líder xiita, Israel voltou realizar ataques contra alvos do Hezbollah dentro e fora da capital Beirute. Segundo as autoridades libanesas e relatos de quem está no local, os bombardeios têm atingido diversos civis, entre eles crianças e mulheres.

"Eu nem sequer levei roupas comigo, nunca pensei que sairíamos assim, de repente estamos na rua", disse Rihab Naseef, 56 anos, moradora do sul de Beirute, à AFP.

No sábado, 28 de setembro, o Alto Comissário da ONU para Refugiados, Filippo Grandi, disse que, até aquela data, "mais de 200 mil pessoas foram deslocadas dentro do Líbano" e mais de 50 mil fugiram para a Síria – sem contar com as subnotificações de quem está na rua, sem abrigo. 

Para facilitar o recebimento de ajuda humanitária, o primeiro-ministro Najib Mikati ordenou que os impostos sobre doações do exterior fossem removidos e que fossem entregues diretamente ao Estado.

O Programa Mundial de Alimentos (PMA), agência de combate à fome da ONU, anunciou no início deste domingo uma operação de emergência para ajudar 1 milhão de afetados pela violência no Líbano.

sf (AFP, EFE, ots)