Ole Scheeren, o Senhor das Torres
Alemão Ole Scheeren é considerado "shooting star" da arquitetura internacional. Ele vive na China e cria projetos de grande escala por toda a Ásia, tão premiados quanto controvertidos.
Arranha-Céu do Ano
Este prédio desafia as leis da física: duas torres inclinadas, ligadas em ângulo reto no alto. A CCTV Tower, em Pequim, é a nova central de transmissões do canal estatal chinês. A construção em vidro e aço acaba de ser consagrada o Arranha-Céu do Ano. Entre os principais autores do projeto está o alemão Ole Scheeren, de 42 anos e um dos grandes nomes da arquitetura mundial atual.
Beleza versus ética
Scheeren é considerado prodígio. Depois de estudar em Londres, com apenas 24 anos começou a trabalhar no escritório do prestigiado Rem Koolhaas. Hoje, tem seu próprio império de arquitetura, e vive e trabalha principalmente na China. Por projetar obras grandiosas para um regime de ética controversa, seus críticos o apelidaram "Mestre de obras da Corte do Mal".
Monumento da transformação
Ole Scheeren considera suas construções monumentos da mudança, simbolizando a lenta abertura da China para o Ocidente. A fachada de vidro da CCTV Tower, por exemplo, representaria transparência. A ligação entre as torres é para o arquiteto um sinal da disposição ao diálogo. O edifício – o maior de um veículo de mídia no mundo e que abriga 14 mil funcionários – oferece visitas guiadas ao público.
Prédios como esculturas
A arquitetura de Ole Scheeren se destaca pela abordagem minimalista. Na capital da Malásia, Kuala Lumpur, ele está construindo seu novo arranha-céu, o Angkasa Raya, diretamente ao lado das famosas Petronas Towers. O futuro hotel e prédio de escritórios chama a atenção, erguendo-se para o céu como uma escultura. Além disso, a usual distribuição em pavimentos é interrompida em blocos individuais.
Arquitetura como espelho
Scheeren diz que a boa arquitetura sempre reflete seus arredores. Alguns dos andares do Angkasa Raya ostentam jardins tropicais, numa evocação à vegetação da Malásia. Lado a lado com bares chiques, está planejado um moderno espaço de orações para muçulmanos. O resultado é uma resposta arquitetônica à diversidade do país onde convivem malaios, chineses e europeus.
No limite da física
O Maha Nakhon será inaugurado em 2016, em Bangcoc. A torre de vidro de 77 andares suplanta em altura todos os demais prédio da capital tailandesa. Aqui, Scheeren abala a concepção convencional de um arranha-céu, ao dar a impressão de que algumas partes foram "mordiscadas". Sua meta era uma aparência dinâmica, que desafia a física, mas preservando a resistência a terremotos.
Voo para milionários
O Maha Nakhon será um gigantesco complexo de apartamentos. Suas unidades residenciais são deslocadas assimetricamente entre si e ficam como que flutuando num limbo. De dentro, os moradores deverão ter a sensação de pairar sobre Bangcoc. Um projeto de luxo, que valeu a Ole Scheeren a acusação de ser "lacaio dos ricos".
Utopia social arquitetônica
O projeto Interlace é um complexo residencial para baixos assalariados nas cercanias de Cingapura. Aqui, o arquiteto alemão concretizou uma espécie de utopia social, tomando 31 blocos de apartamentos e os reorganizando, como peças de montar, numa paisagem residencial imbricada, inteiramente inédita. Scheeren criou espaço residencial acessível numa das áreas mais caras do mundo.
Único fiasco
Normalmente a carreira de Ole Scheeren só conhece uma direção: vertiginosamente para o alto. Seu único fracasso foi o Beijing Books Building, projetado como maior livraria do mundo, com uma área equivalente a 15 campos de futebol. A fachada seria composta de blocos de vidro que também serviriam de estantes. Mas isso era transparência demais para os poderosos de Pequim, e eles suspenderam a obra.