Obama não cumpriu tudo que prometeu
18 de outubro de 2012O entusiasmo não tinha limites em 2008. O carismático candidato dos democratas, o então senador por Illinois Barack Obama, motivava seus seguidores com o slogan Yes we can. Suas promessas eram "esperança" e "mudança".
"Eu sei que não passei muito tempo aprendendo os caminhos de Washington", declarou Obama à época. "Mas estou lá há tempo suficiente para saber que os caminhos de Washington precisam mudar."
Quatro anos depois, o otimismo deu lugar à desilusão. Durante a campanha eleitoral, Obama teve de admitir que ainda há muito por fazer.
No seu discurso durante a convenção do Partido Democrata em Charlotte, na Carolina do Norte, ele relembrou sua primeira grande aparição pública, na convenção de 2004 em Boston, e declarou: "oito anos depois, aquela esperança foi testada pelos custos da guerra, por uma das piores crises econômicas da história e por uma paralisia política que nos faz pensar se estamos em condições de enfrentar os desafios da nossa época".
Ele argumentou que esta eleição será decisiva para o futuro do país em praticamente todas as áreas: economia, impostos, finanças, redução do deficit orçamentário, política energética e segurança nacional. "Será uma decisão entre dois caminhos diferentes para os Estados Unidos, uma escolha entre duas visões de futuro fundamentalmente diferentes", afirmou o presidente, acrescentando que é a sua visão das obrigações do governo que o separa do seu desafiante, o republicano Mitt Romney.
Tarefas inconclusas
Obama não conseguiu alcançar muitas de suas metas no primeiro mandato – e por isso gostaria de ter um segundo. "A verdade é que levará mais do que alguns poucos anos para solucionarmos problemas construídos ao longo de décadas", afirmou em Charlotte.
A lista de tarefas inconclusas é longa, e no topo delas está tirar o país da crise econômica. Uma taxa de desemprego em torno de 8% é alarmante para padrões americanos. A economia tem se recuperado devagar, apesar da injeção de bilhões de dólares de ajuda governamental no início de 2009.
Outras iniciativas ficaram pelo meio do caminho, como a reforma das leis de imigração, ou foram implementadas pela metade, como o projeto para reformar o mercado financeiro. Na política externa, a promessa de fechar o campo de detenção de Guantánamo também não foi cumprida.
Ao menos a reforma no sistema de saúde – um dos principais objetivos da administração Obama – entrou em vigor em março de 2010. Mas a luta pela aprovação no Congresso foi ferrenha. Primeiro os democratas perderam a cadeira do senador Ted Kennedy, que faleceu, para o republicano Scott Brown, em janeiro de 2010. Depois o partido perdeu a maioria na Câmara dos Deputados nas eleições de novembro daquele ano.
De lá para cá, o presidente e o Congresso estão envolvidos numa luta pelo poder que obstruiu os trabalhos legislativos e levou o país à beira da insolvência em 2011.
Os índices de aprovação de Obama caíram. Quando assumiu o mandato, Obama contava com o apoio de 68% dos americanos, segundo o instituto de pesquisas Gallup. Ao final de janeiro, o número caiu para 45%. Após o mesmo tempo no cargo, o democrata Bill Clinton tinha 52% e o republicano George W. Bush, 49%.
Assim, a eleição deste ano é tudo menos um passeio para Obama, apesar de ele poder apresentar alguns poucos sucessos além da reforma do sistema de saúde, o resgate da indústria automobilística e a retirada das tropas do Iraque.
"Forward"
Mas a maior conquista de Obama foi, sem dúvida, a morte de Osama bin Laden, o que o presidente enfatizou durante o seu recente discurso sobre o estado da nação. "Pela primeira vez em duas décadas, Osama bin Laden não é uma ameaça para este país", ele disse ao Congresso em 24 de janeiro de 2012.
Apesar da baixa aprovação do seu governo, a simpatia com Obama permanece em alta. Uma sondagem do Gallup em junho mostrou que 81% dos entrevistados disseram que Obama era simpático. Romney alcançou 64%.
O ex-senador por Illinois espera que sua popularidade o ajude – assim como o claro contraste de suas propostas em questões sociais como direito ao aborto, direitos das minorias, imigração e reforma do sistema de saúde. Também o slogan de campanha reflete a nova realidade. Em vez de "esperança e mudança" é apenas "para a frente".
Autora: Christina Bergmann, de Washington (ro)
Revisão: Alexandre Schossler