OMC busca novo diretor-geral com boas relações
1 de fevereiro de 2005
O mandato do atual chefe da OMC (Organização Mundial do Comércio), o tailandês Supachai Panitchpakdi, termina no final de agosto corrente e o cobiçado cargo terá novo titular a partir de 1º de setembro. Isso poderia ser eventualmente uma boa oportunidade para a América Latina, que nunca logrou eleger um representante próprio para dirigir o importante órgão internacional.
Mas as forças latino-americanas estão divididas entre dois candidatos: o brasileiro Luís Felipe de Seixas Corrêa e o uruguaio Carlos Perez del Castillo. Tal divisão enfraquece as chances latino-americanas, tanto mais que um dos candidatos, o francês Pascal Lamy, é tido como absoluto favorito para o cargo. O quarto candidato vem de Maurício – é o atual ministro das Relações Exteriores, Jayen Cuttarree.
Competência e negociação
Não é fácil tornar-se diretor-geral da OMC. Segundo Rolf Langhammer, do Instituto da Economia Mundial de Kiel, "Lamy é o mais qualificado entre os pretendentes; mas isso não é tudo; é uma questão de negociação, uma disputa entre as regiões".
Assim sendo, poderia ser uma vantagem para os outros três candidatos o fato de que nem a América Latina, nem a África tenham logrado até agora eleger um diretor-geral da OMC. No entanto, um eventual princípio de rotação tampouco pode ser alegado em defesa de qualquer candidatura.
Quando é encontrado um candidato, ele tem de ser capaz de conquistar o apoio de todos os 148 países-membros da Organização Mundial do Comércio. "A eleição não é majoritária", esclarece Georg Koopmann, do Arquivo da Economia Mundial de Hamburgo, "é preciso encontrar um consenso".
Lamy tem grande apoio
Levando isso em consideração, Pascal Lamy é o que tem maiores chances de eleger-se, na opinião de Georg Koopmann, que é um especialista em assuntos da OMC: "Ele tem o apoio da União Européia com seus 25 países-membros, além de excelente contato com os EUA, através de Robert Zoellick, que ainda é o secretário do Comércio em Washington". Além disso, Koopmann atesta ao candidato francês "excelentes contatos na África".
Contudo, uma agenda repleta de endereços de pessoas influentes não é tudo o que um diretor-geral da OMC necessita. "Ele tem de estar muito bem informado sobre questões comerciais – um requisito que todos os quatro candidatos preenchem", afirma Rolf Langhammer. E Georg Koopmann complementa: "Um diretor-geral da OMC tem de estar em condições de exercer o papel de um bom mediador, de equiparar os interesses e determinar diretrizes".
O poder de convencer
Mediar e negociar – estas são as principais atividades de um chefe da OMC. E elas são exercidas preferencialmente nos bastidores, sem grande alarde público. "Ele viaja pelo mundo e faz inúmeras conferências", afirma Langhammer.
Em tais conferências, contudo, o diretor-geral da OMC pode apenas fazer apelos e pedidos: "Ele não tem o poder de impor diretrizes como tem, por exemplo, o chanceler federal alemão ou o presidente da Comissão Européia", esclarece Koopmann.
"Ele tem de convencer e, quando os grandes não querem ouvi-lo, ele se encontra num impasse", completa Langhammer.
Determinado e persistente
O socialista Pascal Lamy dispõe desse poder de persuasão, de acordo com a opinião geral entre os especialistas. Ele é tido como determinado e persistente. E, além disso, é muito conhecido em todo o mundo. "Um candidato desconhecido seria também um sinal de fraqueza para a OMC", afirma Langhammer.
Para Georg Koopmann, o candidato vitorioso já está claro: "Seria motivo de grande surpresa para mim, se Lamy não for o escolhido".