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OMC condena restrições da Argentina a importações

23 de agosto de 2014

Veredicto da organização, favorável a Estados Unidos, UE e Japão, poderá agravar crise na economia do país sul-americano. Já em situação de calote técnico, país enfrenta inflação de 40% e crescimento negativo.

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Foto: Reuters

A Organização Mundial do Comércio (OMC) decidiu em favor dos demandantes a queixa apresentada por Estados Unidos, União Europeia e Japão contra restrições a importações impostas pela Argentina.

Em 2012, o país sul-americano substituiu as licenças automáticas de importação por declarações de importação bem mais burocráticas. A intenção era reduzir as compras de produtos estrangeiros, reduzindo o escoamento de divisas – de que os argentinos precisam urgentemente no momento – a fim de favorecer, assim, sua balança comercial.

A estratégia funcionou, e nos primeiros sete meses de 2014, a economia do país sul-americano apresentou um superávit de 4,5 bilhões de dólares.

A OMC, entretanto, considerou as restrições a importações uma violação de seus acordos. A Argentina ainda pode recorrer do veredicto, mas, caso perca, ficará sob forte pressão econômica.

Buenos Aires ainda não comentou a decisão da OMC. Já os Estados Unidos reagiram prontamente: "Esta é uma grande vitória para os operários, produtores e fazendeiros americanos", comentou Michael Froman, representante do Comércio dos EUA.

Economia argentina em declínio e isolada

O veredicto chega no pior momento possível para a Argentina. Praticamente isolada dos mercados internacionais de crédito, o país depende do influxo de dólares pelas exportações.

O país é considerado insolvente de fato, desde que deixou de pagar 1,3 bilhão de dólares a dois fundos hedge americanos, entrando em calote técnico. Após a falência argentina em 2001, os fundos haviam comprado títulos públicos do país a preços mínimos, e agora exigem receber o valor nominal.

No fim de julho, um tribunal dos EUA sentenciou o país ao pagamento dos fundos hedge. Porém, apesar de contar com o dinheiro em caixa, o governo de Cristina Kirchner se recusa a acatar o veredicto, temendo que isso desencadeie uma avalanche de novas cobranças.

Além disso, nos últimos dias o peso argentino desvalorizou-se dramaticamente em relação ao dólar americano, o que encarece ainda mais as importações. A taxa de inflação da Argentina é calculada em 40%, e espera-se um crescimento econômico negativo de 3,5%.

AV/epd/rtr/dpa