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OMS teme "tsunami de casos" de ômicron

29 de dezembro de 2021

Infecções de covid-19 vêm quebrando recordes nacionais e mundiais. Estudos sugerem que a nova cepa causa menos hospitalizações, mas ainda é cedo para tirar conclusões definitivas, alerta entidade.

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Pessoas passeiam em Londres, ao fundo, o Big Ben. Na média global, quase 900 mil casos diários de covid-19 foram detectados em todo o mundo entre 22 e 28 de dezembro
Na média global, quase 900 mil casos diários de covid-19 foram detectados em todo o mundo entre 22 e 28 de dezembroFoto: Matt Dunham/AP Photo/picture alliance

As infecções de covid-19 vêm quebrando uma série de recordes nacionais e internacionais, impulsionadas pela variante ômicron do coronavírus, que ameaça sobrecarregar os sistemas de saúde e a capacidade dos centros de testagem.

Na média global, quase 900 mil casos diários foram detectados em todo o mundo entre 22 e 28 de dezembro, com uma grande quantidade de países registrando seus números mais altos de infecções em um só dia desde o início da pandemia, incluindo os Estado Unidos, Austrália, França e vários outras nações europeias. 

Na terça-feira, o mundo registrou pela primeira vez mais de um milhão de casos diários de covid-19. O recorde mais recente, quebrado nesta quarta-feira (29/12), foi a alta do índice de infecções nos últimos 7 dias.

Quase dois anos depois de a China ter alertado a Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre um surto de uma "pneumonia viral” de origem desconhecida na cidade de Wuhan, o coronavírus e suas mutações ainda geram caos, e forçam os governos a repensar as políticas de quarentena e de testagem.

Apesar de estudos sugerirem que a ômicron é menos letal do que outras variantes, o alto número de testes com resultado positivo significa que os hospitais poderão estar sobrecarregados em breve em muitos países. As empresas deverão passar por novas dificuldades, assim como as economias locais, em razão de medidas de confinamento e distanciamento social.

"As variantes delta e ômicron são agora ameaças gêmeas, elevando o total de casos para números recorde e gerando uma alta nas hospitalizações e mortes" disse o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus. "Estou muito preocupado que a ômicron, sendo altamente transmissível e se espalhando ao mesmo tempo que a delta, gere um tsunami de casos”, alertou.

Recordes sucessivos de infecções

O ministro da Saúde da França, Olivier Véran, disse a parlamentares que o país vive um aumento vertiginoso dos casos da doença, com 208 mil infecções registradas em um período de 24 horas – um novo recorde europeu.

Reino Unido, Espanha, Portugal, Grécia, Chipre e Malta também registraram quantidades recorde de casos diários, enquanto nos Estados Unidos, a média de infecções em um período de sete dias subiu para 258.312, a mais alta até agora no país.

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, disse que 90% dos pacientes levados para as UTIs não haviam recebido a dose de reforço da vacina contra a covid-19, que aumenta significativamente a proteção ao vírus e suas variantes.

Após a Austrália registrar um recorde de quase 18,3 mil novos casos, o primeiro-ministro do país, Scott Morrison, disse que é necessária uma "mudança de marcha” para que seja possível administrar a sobrecarga nos laboratórios de testes de covid-19, onde as pessoas formam longas filas.

Na Espanha, a demanda por testes grátis oferecidos pelo governo regional de Madrid superou de longe a oferta, com filas extensas em frente às farmácias.

O relatório epidemiológico mais recente da OMS sugere que, segundo dados do Reino Unido, África do Sul e Dinamarca, o risco de hospitalização pela variante ômicron é menor do que o da delta.

Entretanto o diretor de emergências da entidade, Michael Ryan, disse que ainda é cedo demais para tirar conclusões definitivas. Isso, porque a ômicron tem circulado mais entre pessoas mais jovens, em faixas etárias menos vulneráveis. "Ainda não vimos a onda de ômicron completamente estabelecida entre a população mais ampla”, observou.

Feriados de fim de ano preocupam

Muitos governos se preocupam com a possibilidade cada vez maior de que muitas pessoas sejam forçadas a se isolarem após estarem em contato com indivíduos infectados.

Na Itália, as regras de quarentena estavam próximas de serem relaxadas, mas o governo cogita reverter essa decisão após os casos dobrarem no país de um dia para o outro, chegando a 78.313 nesta quarta-feira.

A China continua sua política de tolerância zero ao coronavírus e mantêm 13 milhões de pessoas na cidade de Xian sob um rígido lockdown. O país, porém, ainda não registrou oficialmente nenhum caso de contaminação pela ômicron.

Em muitos países aumento de infecções coincide com o feriado de Natal e Ano Novo, normalmente um período de festas e viagens. Algumas nações, como a Itália, cancelaram comemorações públicas, enquanto as autoridades do Japão pediram aos cidadãos que se reúnam somente em pequenos números.

rc (Reuters)