ONG denuncia situação alarmante das crianças na Síria
9 de março de 2016A organização humanitária Save the Children denunciou em relatório divulgado nesta quarta-feira (09/03) um quadro alarmante da situação nas cidades sitiadas na Síria, onde vivem em torno de 250 mil crianças.
O documento alerta que o acesso de organizações humanitárias a essas áreas é praticamente nulo, e que apenas 1% da ajuda alimentícia da ONU chegou até os sírios nas regiões sitiadas em 2015.
"As crianças perderam qualquer perspectiva de futuro", afirmou a diretora regional da Save the Children para a Síria, Sonia Khush. Ele descreveu uma situação em que pais e filhos estão cercados por grupos armados em locais onde o acesso a médicos e remédios é imitado ou inexistente.
Khush denuncia que as crianças "mal sabem o que são frutas frescas e vegetais" desde que forças do governo ou de outros grupos armados bloquearam as linhas de abastecimento. Elas se alimentam de folhas fervidas e de comida para animais, enquanto vivem com medo constante de ataques, segundo afirma o relatório da ONG.
A Save the Children e seus parceiros na Síria entrevistaram 126 pessoas nas regiões sitiadas, incluindo crianças entre 10 e 16 anos, pais e profissionais como médicos e professores, vivendo em locais que se tornaram "prisões a céu aberto", segundo a ONG.
Mais de 250 mil pessoas morreram no conflito na Síria, que já dura cinco anos e resultou em um fluxo de refugiados de enormes proporções para o Líbano, Jordânia, Turquia e União Europeia.
Segundo estimativas da ONU, 4,6 milhões de pessoas vivem em locais onde o acesso da ajuda humanitária é difícil, incluindo os quase 500 mil que vivem em áreas sitiadas.
O cessar-fogo que entrou em vigor na Síria no mês passado facilitou o acesso da ONU e da organização Crescente Vermelho a essas pessoas, mas os combates que ainda persistem em algumas regiões impossibilitam a entrega de ajuda humanitária em várias localidades. Grupos de oposição ao regime sírio dizem que os recursos que conseguiram chegar às áreas sitiadas não são suficientes.
"Famílias relatam mortes de bebês doentes em postos de controle, veterinários que cuidam de seres humanos e crianças forçadas a se alimentar de ração animal enquanto se escondem de ataques aéreos em porões", afirmou Misty Buswell, diretora da Save the Children, em comunicado.
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