ONU aponta possíveis crimes de guerra em Gaza
22 de junho de 2015Um relatório divulgado nesta segunda-feira (22/06) pelas Nações Unidas aponta que tanto Israel quanto grupos armados palestinos cometeram sérias violações dos direitos humanos durante o último conflito na Faixa de Gaza, em 2014. As ações de ambos os lados, segundo o texto, podem configurar crimes de guerra.
Mais de 2,1 mil palestinos morreram nos ataques, um terço deles, crianças. Israel registrou 73 vítimas, a maioria soldados, durante as sete semanas de bombardeio, entre julho e agosto do ano passado.
"A extensão da devastação e do sofrimento humano em Gaza foi sem precedentes e terá impacto sobre as gerações futuras", disse em comunicado a presidente da Comissão Independente de Inquérito da ONU, Mary McGowan Davis.
O documento mostra que Israel efetuou mais de 6 mil ataques aéreos e disparou 50 mil projéteis de artilharia. Já os grupos armados palestinos, sobretudo o Hamas, soltaram quase 5 mil mísseis e mais de 1,7 mil morteiros.
A ONU denuncia "a impunidade que prevalece em todos os níveis" em Israel e apela para que o país julgue os responsáveis. A organização também lamenta que as autoridades palestinas tenham "sempre falhado" na hora de punir os que violam as leis internacionais.
A comissão também expressa "preocupação com a ampla utilização de armas letais por Israel" e critica o disparo "indiscriminado" de milhares de foguetes a partir dos territórios palestnios para "espalhar terror" entre os civis israelenses.
Israel foi contrário à investigação da ONU e proibiu a entrada da comissão de inquérito nos territórios palestinos. A comissão recolheu os testemunhos por teleconferência e chamadas de telefone.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, criticou o relatório e disse que seu país não cometeu crimes de guerra. "Este organismo condena Israel mais do que Irã, Síria e Coreia do Norte juntos", assegurou Netanyahu. "Israel não comete crimes de guerra. Se defende de uma organização terrorista assassina que pede sua destruição e que perpetrou muitos crimes de guerra."
O Hamas, por outro lado, aplaudiu a divulgação do relatório. "Essa condenação franca pede um novo passo para levar os líderes da ocupação [Israel] ao Tribunal Penal Internacional e a outras cortes internacionais para processá-los pelos crimes cometidos contra o nosso povo."
A divulgação do relatório das Nações Unidas estava programada para março. O lançamento foi adiado para junho, depois de o presidente da comissão de investigação pedir demissão, pressionado por Israel.
KG/lusa/afp/rtr