ONU e UE pedem retorno à ordem constitucional aos rebeldes do Mali
22 de março de 2012União Europeia (UE) e ONU fizeram um apelo nesta quinta-feira (22/03) para a restituição, o mais rápido possível, da ordem constitucional em Mali. "Nós condenamos a tomada de poder pelos militares e a suspensão da Constituição. A ordem constitucional precisa ser restabelecida o mais rápido possível", disse o porta-voz Michael Mann, da alta representante da UE para políticas externas, Catherine Ashton.
De acordo com um comunicado da ONU, o secretário-geral Ban Ki-moon acompanha "com profunda preocupação" o desenvolvimento da situação no Mali. O secretário-geral também pediu calma para que as reivindicações dos militares sejam resolvidas pacificamente e com respeito às normas democráticas.
O subtenente Amadou Konaré, porta-voz dos rebeldes, que se autodenominam Comitê Nacional pela Recuperação da Democracia e do Estado, afirmou nesta quinta-feira que eles tomaram o poder por "incompetência do regime" e anunciaram na televisão que a Constituição está suspensa e as instituições do Estado, dissolvidas.
Os rebeldes acusam o governo de não disponibilizar mantimentos e armas o suficiente para o combate contra os rebeldes tuaregues e os grupos armados islamitas no norte do país.
Palácio presidencial nega o golpe
O palácio presidencial negou, através de uma mensagem publicada nas redes sociais, que um golpe de Estado esteja em curso no Mali, mas "apenas um motim" que teria começado na última quarta-feira de manhã numa base militar de Bamaco, a capital do país, durante uma visita do ministro da Defesa, Sadio Gassama.
No seu discurso, o ministro não teria dado resposta às reivindicações dos soldados, que alegam haver má gestão por parte do governo da rebelião levada a cabo no norte do país pelos separatistas tuaregues e que já causou a morte de vários militares. O governo não revela o número real de mortes.
Na última quarta-feira, os soldados rebeldes tomaram o edifício da televisão e da rádio estatal, cujas transmissões foram interrompidas por cerca de sete horas, voltando com um anúncio de que em breve haveria um comunicado do governo.
Em seguida assaltaram o palácio presidencial, na capital Bamaco. Vários ministros foram detidos, informou hoje o site maliactu.net. Segunda a agência alemã DPA, o presidente Amadou Toumani Touré abandonou o palácio e encontra-se num lugar seguro. Também na cidade de Gao, no norte do país, soldados se rebelaram e fizeram vários superiores como reféns.
As eleições presidenciais em Mali estão previstas para o dia 29 de abril. Touré, no poder desde 2002, não poderia concorrer, já que, conforme a Constituição, não são permitidos mais de dois mandatos.
KR/dpa/afp/lusa
Revisão: Alexandre Schossler