Kadafi e a ONU
14 de março de 2011O Conselho de Segurança da ONU não chegou a um consenso sobre uma zona de exclusão aérea na Líbia na sessão desta segunda-feira (14/03). França e Reino Unido esperavam que o apoio da Liga Árabe à iniciativa fosse persuadir os membros do órgão, como declarou o embaixador da França na ONU, Gerard Araud, antes do encontro a portas fechadas. Porém isso não aconteceu. Brasil, Alemanha e Rússia são três dos membros do conselho céticos quanto à intenção.
"Não houve uma completa rejeição. Existem ainda questões e preocupações, mas acho que estamos avançando", disse Araud após a sessão do conselho. Ele acha que a ONU deveria agir com rapidez, em função da situação no país, onde forças leais a Muamar Kadafi iniciaram uma pesada ofensiva contra os rebeldes.
O embaixador russo, Vitaly Churkin, disse que o conselho ainda não está na posição de votar pela zona de exclusão aérea, e que alguns de seus membros precisam de mais informações. "Questões fundamentais devem ser respondidas. Não somente o que nós precisamos fazer, mas como será feito", disse Churkin, salientando que Moscou não rejeita a ideia.
Clinton viaja para a região
A secretária norte-americana de Estado, Hillary Clinton, aproveitou a viagem para a cúpula do G8 em Paris, para se encontrar com representantes rebeldes. Ela agendou para o final da semana uma reunião com lideranças oposicionistas a Kadafi na Tunísia e no Egito. Tanto os Estados Unidos quanto União Europeia descartam uma intervenção militar.
O ministro do Exterior da Alemanha, Guido Westerwelle, considera uma zona de exclusão aérea "uma intervenção militar". Westerwelle acredita em aumentar a pressão sobre o ditador Kadafi com sanções, e quer levar a proposta para as Nações Unidas. "Estamos convencidos que a Alemanha não vai ingressar em uma longa guerra no norte da África", esclareceu Westerwelle.
Ele saudou que a Liga Árabe tenha claramente rompido com Kadafi. O reino Unido congelou o equivalente a 11,5 bilhões de euros em depósitos líbios no país.
Rebeldes recuam
Enquanto a comunidade internacional não define como vai colaborar para resolver a crise, forças militares pró-Kadafi intensificaram a ofensiva em direção a Bengasi, apontada como "capital rebelde". Permanece uma intensa disputa pelo controle de Ajdabiya, que é chave para as pretensões de Kadafi. A cidade tem vias diretas de acesso a Bengasi pelo litoral e ao porto petrolífero de Tobruk, a leste, através do deserto.
Segundo o representante insurgente Ahmed al-Zwei, os ataques da força aérea líbia desta segunda-feira visavam destruir depósitos de armamentos em Ajdabiya, interrompendo o canal de suprimentos bélicos das tropas rebeldes em toda a região. Os avanços de forças leais a Kadafi provocaram um recuo dos insurgentes, que instalaram nova frente a 170 quilômetros de Bengasi.
Rebeldes também perdem terreno no oeste, onde tropas pró-Kadafi estão a um quilômetro do centro de Zuwarah. Kadafi já fala em perdoar os soldados das forças leais que decidiram reforçar posições insurgentes, se estes se entregarem imediatamente. Os rebeldes anunciaram nesta segunda-feira que o porto petrolífero de Brega, dominado pelas tropas leais na véspera, teria sido recuperado.
MP/afp/dpa/rtr/ap
Revisão: Augusto Valente