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Reconstrução do Haiti

19 de fevereiro de 2010

Nações Unidas pedem quase 1,5 bilhão de dólares a países-membros para ajudar na reconstrução do Haiti. Entidades da organização, como Unicef e Unesco, lançam campanhas para beneficiar crianças no país.

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Um em cada três haitianos ainda sofre com a catástrofeFoto: AP

As Nações Unidas estão convocando o mundo para a maior campanha de doação de sua história, em benefício da reconstrução do Haiti. A meta da campanha é atingir a marca recorde de 1,44 bilhão de dólares (1,05 bilhão de euros).

O secretário-geral da entidade, Ban Ki-moon, e o ex-presidente americano Bill Clinton lançaram nesta sexta-feira (19/02) um apelo aos países-membros da organização para que forneçam a quantia, necessária devido à grande dimensão da catástrofe que se abateu sobre o país centro-americano.

Um em cada três haitianos – cerca de 3 milhões de pessoas – foi afetado pelo desastre e ainda depende de ajuda humanitária. Cerca de 1,2 milhão de pessoas precisarão receber auxílio durante meses para se alimentar e ter onde morar. No terremoto de 12 de janeiro passado foram mortas mais de 200 mil pessoas.

Tsunami originara maior apelo até agora

O maior apelo para doações feito pelas Nações Unidas até agora ocorrera em 2004, após o tsunami no Oceano Índico. Na época, a ONU pediu 1,41 bilhões de dólares. Para o Sudão, foram pedidos, ao todo, 1,9 bilhão de dólares, porém em diversas campanhas.

Clinton, enviado especial da ONU para o Haiti, disse que o país não necessita de "promessas agradáveis". "O país precisa de dinheiro real. Deem o que vocês puderem dar", disse ele para os representantes dos Estados-membros da ONU.

"Centenas de milhares de pessoas no Haiti não sabem como vão se alimentar no dia de amanhã. Essas pessoas querem reconstruir seu país, mas precisam de ajuda", afirmou o ex-presidente. "Eu vou fazer de tudo para fazer o seu dinheiro seja gasto da melhor maneira possível", acrescentou.

No começo do caminho

"Antes do desastre, no mês passado, tínhamos um plano para o Haiti", disse Ban. "O desafio é prosseguir com esse programa de longo prazo, para que possamos construir melhor o Haiti", afirmou o secretário-geral. Segundo ele, a situação melhora a cada dia. "Mas o Haiti ainda está no começo do caminho", disse.

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Crianças do Haiti estão entre as prioridades de entidades humanitáriasFoto: AP

Uma esperança, conforme Ban, é o programa Cash for Work ("dinheiro por trabalho"), através do qual mais de 75 mil haitianos puderam ser engajados na reconstrução do país. "Quando pagamos os haitianos por este trabalho, colocamos dinheiro na mão deles, dinheiro para manterem suas famílias, para reativar a economia e para estabelecer uma rede social. Esta tragédia pode ser transformada numa nova oportunidade para o país", disse o chefe da ONU.

Unicef lança campanha para 700 mil crianças

Sob o slogan "Vá para a escola", o Unicef lançou no Haiti uma campanha educativa para mais de 700 mil crianças. Cerca de 500 mil crianças em idade escolar devem receber aulas em tendas, mais de 220 mil crianças menores devem ganhar novas oportunidades provisórias para brincar e aprender, conforme anunciou a entidade nesta sexta-feira, em Colônia.

O objetivo da ação é proporcionar às crianças da zona do terremoto um pouco de normalidade em suas vidas. Em algumas regiões do Haiti, o terremoto destruiu até 80% das escolas.

UE e Unesco querem cooperar pelo Haiti

A União Europeia (UE) e a Unesco também pretendem iniciar uma cooperação, para atuar juntas em projetos de reconstrução do Ministério da Educação e das escolas no Haiti.

"Há muito mais potencial do que tínhamos consciência antes", disse a diretora-geral da Unesco, Irina Bokowa, durante encontro em Bruxelas com sua compatriota Kristalina Georgieva, comissária europeia para Ajuda Humanitária.

Um primeiro exemplo de cooperação entre a Unesco e a UE pode ser posto em execução no Haiti. A comissária disse que a UE dará prioridade à satisfação de necessidades imediatas das pessoas, mas ressaltou que a reconstrução de escolas e de toda infraestrutura educacional tem importância fundamental.

"No que diz respeito à assistência às pessoas durante e após catástrofes naturais, não se trata apenas de alimentação e abrigo, mas também de devolver a dignidade às pessoas", disse.

"As escolas podem também alimentar as crianças para que elas possam voltar a aprender. E aqui sempre houve uma tradição, em que a ajuda humanitária e o desenvolvimento andam de mãos dadas", declarou Georgieva.

A nova comissária quer viajar ao Haiti no final deste mês. A ajuda ao Haiti deve ser um primeiro passo na prometida cooperação entre a Unesco e UE.

MD/dpa/afp/dw
Revisão: Alexandre Schossler

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