As primárias em New Hampshire confirmaram muitas previsões. O milionário Donald Trump ganhou entre os republicanos, e o senador Bernie Sanders, entre os democratas. Marco Rubio, considerado às vésperas da votação uma esperança republicana, não conseguiu se recuperar do desempenho desastroso do debate na semana passada. Isso também fora previsto pelos analistas.
E Jeb Bush? Para ele, valeram os milhões que investiu neste estado estrategicamente importante. Ele atingiu, pelo menos, 10% dos votos e, com isso, encontrará nas próximas semanas doadores suficientes para financiar a permanência dele nesta disputa insanamente cara chamada de primárias.
Hillary Clinton teve que admitir a derrota, mas, com um discurso extremamente forte na noite da eleição, demonstrou mais uma vez que não está disposta a deixar que sua vontade de vitória seja abalada por um revés como o de New Hampshire.
A ex-secretária de Estado está aí, pronta para lutar. E a experiência mostra que os Clinton podem contar com o apoio crucial de afro-americanos e latinos nas próximas primárias. Hillary exalou autoconfiança, demonstrando, a cada gesto e em cada palavra, a crença de que as vitórias de Sanders param por aqui.
Então não houve nada de novo em New Hampshire? Apenas, mais uma vez, a confirmação de que, nesta fase inicial desta campanha notável, pontuam sobretudo aqueles que esbravejam contra o establishment? Os candidatos que procuram tudo o que é ruim em Washington e até anunciam grandes planos e promessas, mas não oferecem programas realistas?
Isso seria verdade se não houvesse John Kasich. Ele é o vencedor secreto da noite. Embora os especialistas considerem há tempos o governador de Ohio como um dos candidatos com boas chances, este republicano de ar intelectual e argumentações precisas quase não conseguiu se destacar nesta campanha estridente. Isso vai mudar rápido após a noite de New Hampshire. Agora, os olhares estão sobre ele.
Caso Kasich consiga repetir este segundo lugar nas próximas primárias, na Carolina do Sul, ele terá exatamente o impulso do qual tantos falam nestas eleições, e que, basicamente, não quer dizer outra coisa, senão chamar a atenção através de mensagens positivas – incluindo a dos doadores, que financiam a permanência neste espetáculo eleitoral.
E os concorrentes de Kasich sabem disso. É mais uma questão de horas do que de dias até começarem os ataques contra ele. Ted Cruz e Donald Trump têm mostrado frequentemente nas últimas semanas que esses ataques não conhecem limites.
Será que Marco Rubio conseguirá voltar? Ou será que o establishment não terá outra opção a não ser apoiar Kasich para deter Trump? E mesmo que o governador de Ohio defenda leis liberais de imigração e um sistema de saúde universal?
Muito do que foi decidido em New Hampshire era esperado. Mas o desempenho de John Kasich não. E isso é uma boa notícia.