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A quarentena do coronavírus vem aí – não há como escapar

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Felix Steiner
17 de março de 2020

A população da Alemanha está sendo confrontada com restrições à liberdade como não se via desde o pós-guerra. E muitos não estão levando regras a sério. Nos dias atuais, ter consideração salva vidas, opina Felix Steiner.

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Policial de máscara num posto de fronteira entre a Áustria e a Alemanha
Policial num posto de fronteira entre a Áustria e a AlemanhaFoto: Getty Images/C. Stache

Uma semana atrás, se alguém tivesse predito para mim o que a chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel, anunciou na noite desta segunda-feira (16/03), eu teria rido da pessoa. Medidas desse tipo na Alemanha moderna, em que a liberdade individual está acima de tudo? Inimaginável!

Sim, na China talvez funcione, também no Irã ou na Rússia – ou seja, em todo lugar onde há décadas os cidadãos estão acostumados ao bullying estatal. Mas aqui, em plena Europa? Jamais.

No entanto é o que está acontecendo. E faz sentido, pois por estes dias os números de contágios na Alemanha e países vizinhos estão praticamente explodindo. Ninguém quer uma situação como a do norte da Itália. Lá, como numa enfermaria de guerra, os médicos têm que decidir quem vale a pena tratar ou quem se deve simplesmente deixa morrer.

As medidas de segurança então são compreensíveis. E no entanto a mensagem central não chegou até muitos. Embora a coletiva de imprensa de Merkel da última quinta-feira, assim como as de diversos governadores estaduais no dia seguinte já tenha sido mais do que impressionante. Pelo menos deu medo em muita gente que conheço.

E no entanto não bastou, como mostra a vista – certamente não representativa – da minha janela da sala, nos últimos três dias. Na noite de sábado, meu vizinho foi jogar boliche com sua turma, como faz a cada dois sábados. Os rapazes da nossa rua foram treinar futebol juntos, tanto no sábado como no domingo.

E como as escolas estão fechadas desde segunda-feira, o clima na rua é de férias de verão. Só que ainda mais crianças brincam juntas, já que nenhuma das famílias viajou de férias. Mas o tempo está ensolarado e quente, como se já fosse primavera.

De diversas cidades alemãs chegam imagens e notícias semelhantes: cafés e zoológicos lotados no domingo, playgrounds e parques animados, como se nada fosse. Com certeza a noção dos virologistas de "reduzir os contatos sociais ao mínimo necessário" é bem diferente disso. E é por isso que o que não funcionou em regime voluntário, com apelos à razão, está sendo agora imposto por meio de proibições.

A lista de proibições dos governos federal e estadual ainda tem muitas exceções, portanto nos próximos dias é concebível que se torne mais rigorosa. Concebível não, é certo: basta olhar para a França, Itália ou Espanha, onde já entraram em vigor toques de recolher de verdade, onde só um certo número de clientes pode entrar ao mesmo tempo nos supermercados para fazer compras. São circunstâncias que só conheço das narrativas de meus pais e avós, dos tempos do último pós-guerra.

Ninguém deseja nada disso, e só funcionará – se funcionar – por um tempo relativamente breve. Portanto sejamos ambiciosos: vamos tentar passar sem ainda mais proibições, finalmente levando a sério as regras vigentes!

Sim, por estes dias todos nós pagamos um preço alto, com o cerceamento de nossa liberdade. Porém, é muito mais alto o preço pago por aqueles cuja existência econômica está sendo destruída por esse estado de exceção: quanto menor for esse prazo, menor será o número deles.

Quem paga o preço máximo, contudo, são aqueles cujas vidas o coronavírus leva embora. Eles são em primeira linha cidadãos idosos e enfermos – mas não só, qualquer um pode ser afetado. Nos dias atuais, ter consideração salva vidas. Portanto: #FlattenTheCurve (#AchateACurva)!

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