Os temores ficam
29 de setembro de 2011O governo alemão pode respirar aliviado. O país mais rico da União Europeia demonstrou capacidade de ação e determinação. Até mesmo a oposição aprovou quase por unanimidade a ampliação do fundo europeu de resgate. Apenas a bancada de A Esquerda e alguns dissidentes da coalizão de governo votaram contra.
Ainda assim permanece uma sensação desagradável depois dessa decisão do Bundestag. Ficam os temores e as preocupações dos cidadãos. Afinal, desde o primeiro pacote de ajuda à Grécia, em maio do ano passado, a Europa não tem sossego. Desde então, costura-se um pacote atrás do outro. Somas cada vez maiores são mobilizadas na tentativa de controlar uma crise galopante e salvar a moeda comum.
Até agora tudo isso não salvou os gregos. Devido às duras medidas de contenção associadas aos pacotes de ajuda, a economia grega entrou numa recessão sem igual, o desemprego disparou, o consumo despencou e um fim dessa espiral não é visível. Evoluções semelhantes ameaçam também outros países do sul da Europa, e distúrbios sociais não podem mais ser descartados.
Mas também na comparativamente rica Alemanha não se podem descartar consequências se milhares de euros em impostos forem jogados num poço sem fundo que, no fim das contas, só ajuda os bancos. Também na Alemanha esse dinheiro faz falta na educação, na infraestrutura e na manutenção do Estado de bem-estar social ancorado na Constituição.
Já há anos os alemães percebem que o valor real dos salários está diminuindo, que as condições no emprego são cada vez mais precárias, que o custo de vida e os gastos com educação crescem.
E, mais uma vez, o Parlamento alemão decidiu elevar o fundo de resgate para países europeus ultraendividados. A chanceler federal Angela Merkel e o ministro alemão das Finanças, Wolfgang Schäuble, estão satisfeitos e respiram aliviados. Até mesmo os dois grandes partidos da oposição, o Partido Social Democrata e o Partido Verde, deram seu aval à lei.
Os cidadãos, porém, têm todos os motivos para se preocupar. Afinal, já há temores de que também essa nova ajuda, que deve durar até 2013, não seja suficiente. Os cidadãos da Alemanha e também da Europa contemplam um futuro incerto e cheio de preocupações, que nem mesmo a determinação do Bundestag nesse dia dramático pode esconder.
Autora: Bettina Marx (as)
Revisão: Roselaine Wandscheer