Opinião: Após eleições, Catalunha fica na mesma
22 de dezembro de 2017É difícil imaginar eleições mais estranhas na União Europeia que estas regionais na Catalunha. Vários candidatos se encontram atualmente sob custódia no exílio, devido a seus esforços inconstitucionais de secessão na Catalunha. Oriol Junqueras, presidente e principal candidato do partido Esquerda Republicana da Catalunha (ERC), deu entrevistas telefônicas de seu cárcere perto de Madri, e o chefe de governo destituído da Catalunha, Carles Puigdemont, se dirigiu a seus seguidores por uma mensagem em vídeo desde o exílio em Bruxelas.
A essas peculiaridades nunca vistas em eleições na Europa se soma o fato de que as eleições não foram acordadas pelo Parlamento catalão, e sim impostas pelo governo do premiê Mariano Rajoy. A estas alturas, já é possível constatar que o plano de Rajoy não deu certo, e que a Catalunha se encontra praticamente na mesma situação em que estava antes da aplicação do artigo 155 da Constituição, que resultou na destituição do governo independentista catalão.
O presidente do conservador Partido Popular e presidente do governo espanhol, Mariano Rajoy, fracassou de forma retumbante na gestão dessa crise e com seu plano de uma "restauração da democracia e da normalidade", através destas eleições. Os eleitores da Catalunha não castigaram os partidos que apoiam a independência, tal como se esperava em Madri. O êxito do partido Ciudadanos e de sua candidata principal, Inés Arrimadas, é impressionante, mas não esconde que os partidos que rejeitam o movimento independentista não alcançam uma maioria na sociedade catalã.
O governo espanhol declarou que manterá a aplicação do artigo 155 da Constituição até que o novo Parlamento catalão escolha o novo chefe de governo regional. O nome deste novo governante facilmente poderia ser Carles Puigdemont, contra quem existe uma ordem de prisão na Espanha.
A situação é simplesmente grotesca, longe de uma possível solução. Rajoy se encontra em uma situação muito debilitada, ante uma possível aliança independentista fortalecida e legitimada pelas eleições na Catalunha. A Rajoy só resta fortalecer sua própria posição, convocando eleições gerais na Espanha e buscar apoio na sociedade espanhola para seu curso, pouco empático e carente de originalidade e da sensibilidade necessária para enfrentar a maior crise do Estado espanhol pós-franquista.
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