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Opinião: Hillary não escapa ilesa do escândalo dos e-mails

Ines Pohl
Ines Pohl
6 de julho de 2016

O FBI decidiu não recomendar um processo judicial contra a candidata democrata. Mas o escândalo ainda repercutirá e, nas mãos de Trump, a acusação de negligência pode virar munição contra ela, opina Ines Pohl.

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Ines Pohl é correspondente da DW nos EUA
Ines Pohl é correspondente da DW nos EUAFoto: DW

A terça-feira (05/07) era para ter sido o dia da libertação para Hillary Clinton, o dia em que, após meses de inquéritos, o FBI (a polícia federal americana) finalmente anunciaria que não recomenda ao Departamento de Justiça abrir ação contra a ex-secretária de Estado e atual pré-candidata à presidência dos Estados Unidos.

Foi a conclusão à qual o diretor do órgão, James Comey, chegou, ao fim de sua atipicamente detalhada declaração. Entretanto Hillary não se livrará tão rapidamente do escândalo dos e-mails em sua campanha eleitoral. Pois o que permanecerá na memória dos americanos será, acima de tudo, a severa crítica de Comey – a qual, com todo direito, os adversários da democrata vão remoer repetidamente nos próximos meses até a eleição.

Tem potencial de ainda representar um perigo sério para Hillary a constatação da comissão de investigações do FBI de que ela e sua equipe agiram de forma "extremamente negligente", e que "qualquer um numa posição de responsabilidade deveria saber que não se pode enviar e-mails sensíveis através de diferentes contas privadas".

Desse modo fica consideravelmente enfraquecida aquela que é supostamente a maior vantagem de Hillary Clinton sobre o oponente republicano Donald Trump: de que as experiências políticas dela a qualificam como uma melhor presidente. De que adianta toda a experiência, se, no fim, a pessoa age de maneira alarmantemente negligente?

Para os opositores dos Clinton, porém, deverá pesar ainda mais o fato que o casal de políticos basicamente joga sempre segundo as próprias regras e acaba saindo sempre impune. Para muitos, esta é mais uma prova de quão injusta é a política de Washington. Com típico instinto de ganhador, Trump sintetizou esse sentimento em sua primeira reação ao parecer do FBI: "Por muito menos, outros já foram condenados. Muito, muito injusto."

Os estrategistas podem achar muito esperto o presidente Barack Obama ter aderido à campanha de Hillary exatamente um dia após a divulgação do relatório do serviço secreto. Porém o resultado, agora, poderá ser exatamente o contrário.

Para muitos, as imagens dos dois democratas juntos podem ser mais uma prova de quão unidos os poderosos de Washington trabalham, do FBI e o Departamento de Justiça até o próprio presidente. E que só uma autêntica figura de fora, independente, corajosa e forte, é capaz de dar fim a esse sistema corrupto. Pelo menos a seus próprios olhos, Donald Trump é o único a que tal descrição se aplica.

A jornalista Ines Pohl é correspondente da DW em Washington.

Ines Pohl
Ines Pohl Chefe da sucursal da DW em Washington.@inespohl