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Médicos não podem ser ajudantes da morte

Fabian Schmidt (av)13 de novembro de 2014

Parlamento alemão debate pela primeira vez a legalização da eutanásia ativa. Para o jornalista da DW Fabian Schmidt, contudo, a resposta é clara: um "sim" ao suicídio teria consequências devastadoras para a sociedade.

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Ninguém pode impedir que uma pessoa decidida e fisicamente apta tire a própria vida. Mas não pode jamais ser a função do médico participar desse ato. Sua função é preservar vidas e saúde – e assim deve continuar sendo.

Deutsche Welle Fabian Schmidt
Fabian Schmidt, da redação alemã da DWFoto: DW/P.Henriksen

Defensores da eutanásia ativa postulam que poupa-se grande sofrimento aos pacientes terminais, de câncer, por exemplo, se eles próprios podem determinar "livremente" o momento de seu passamento.

Eles usam como argumento o direito a uma morte "digna", à qual opõem a supostamente fria e impessoal medicina dos aparelhos, a existência vegetativa até uma morte postergada e dolorosa. Porém quão "livremente" uma pessoa doente de morte pode realmente tomar uma decisão dessas?

Mesmo aqueles em plena posse de suas faculdades mentais se encontram sob pressão social, ainda que ela nunca seja formulada nesses termos. "Tenho o direito impor a meus familiares que cuidem de mim talvez durante meses ou anos a fio?" "Posso lhes impingir as minhas dores e o meu sofrimento?" "Serei eu mesmo capaz de suportar ser tratado por gente estranha, expondo a minha intimidade?"

Numa situação dessas, uma morte rápida parece a solução certa e legítima para se preservar a "dignidade".

Porém um suicídio assim não é "digno", nem para o paciente, nem para a sociedade que permite tal coisa. Um "sim" legal a essa alternativa praticamente forçaria todo doente terminal a se confrontar justamente com tais questões. Um suicídio, possivelmente movido pelo medo não expresso de ser considerado um egoísta, nada tem a ver com dignidade!

A legalização do suicídio acompanhado também colocaria os médicos numa situação insustentável: eles teriam que aconselhar o paciente se continuar vivendo sequer vale a pena para ele. Dependendo do campo da medicina, pode ser que, ao longo de uma carreira, tornem-se cúmplices da morte em centenas ou até milhares de casos. A associação da classe tem bons motivos para rejeitar esse papel.

Um mecanismo de homicídio organizado desses não pode existir, nem nos hospitais ou consultórios médicos, nem em nenhum outro lugar. Por isso, devem ser proibidas organizações e associações como a suíça Dignitas, cuja única finalidade é o suicídio assistido.

Clínicas terminais e centros de medicina paliativa são exemplos de um cuidado digno com doentes condenados a morrer. Eles lhes fornecem um ambiente protegido em que são acompanhados de forma humana nos últimos dias de suas vidas.

Disso fazem parte tanto analgésicos modernos e altamente eficientes quanto o direito de não prolongar a própria vida artificialmente à custa de aparelhos. Do que realmente precisamos não é de um debate sobre o suicídio assistido, mas sim mais dedicação aos fracos e enfermos!