Opinião: Muitas metas e poucos planos para sustentabilidade
Dar fim à pobreza, reduzir a desigualdade, garantir educação de boa qualidade, proteger os ecossistemas: esses são apenas algumas das 17 metas e 169 subitens estabelecidos na Conferência das Nações Unidas para a Agenda de Desenvolvimento Pós-2015, em Nova York. Seus antecessores, os Objetivos do Milênio, se referiam apenas aos países em desenvolvimento e emergentes. Agora é a vez das nações industriais.
Exatamente agora, o escândalo dos testes de emissão de gases poluentes da Volkswagen prova como a parcela mais próspera do planeta leva a sério o desenvolvimento sustentável. E a política olha para o outro lado.
Porém todos asseguram, incansáveis, que, óbvio, consciência ambiental e sustentabilidade lhes são importantes. Então seria o caso de argumentar que o próprio fato de o caso da Volks levantar tamanhas ondas de indignação por todo o mundo mostra, afinal, que estamos no caminho certo. Mas esse argumento não vai muito longe.
O cerne e verdadeiro ponto crucial da lista é a meta número oito: fomentar o crescimento econômico duradouro e sustentável. "Crescimento econômico sustentável": esse predicado é atualmente empregado de forma inflacionária. Mas o que é isso, na verdade? Ele não significa que deixamos de crescer continuamente, nos contentando com "menos", e que precisamos gerir os recursos de forma diferente?
Em vez disso, um clamor logo atravessa o globo no momento em que a economia chinesa apresenta taxas de crescimento abaixo do esperado. Porque na China precisa, sim, haver cada vez mais automóveis na rua e cada vez mais bens serem consumidos. Para que, do ponto de vista global, os lucros cresçam e os empregos estejam assegurados. Para isso, produz-se onde padrões e salário são especialmente baixos. É assim que gerimos em nível mundial.
Do ponto de vista atual, uma plantação de óleo de dendê tem valor econômico superior ao que uma mata tropical, da qual apenas algumas comunidades extraem café, látex e frutas, e os vendem localmente. Mesmo que hordas de ONGs se empenhem em transformar as florestas em fontes de renda, no fim das contas quem vence é sempre o óleo vegetal ou o petróleo.
Esse é o caso do Parque Nacional Yasuní, no Equador. Fracassou a tentativa de proteger a região da prospecção petrolífera, fazendo a comunidade internacional pagar um ressarcimento para esse fim. E não foi culpa apenas do estilo de negociação, em parte pouco confiável, do governo equatoriano.
Por que investir em algo que não gera lucro? Segundo as regras em vigor, um investimento precisa sempre ter um valor econômico. Então, no próximo ano começa a extração de petróleo em Yasuní.
É claro que não podemos manter natureza, matas e ecossistemas sob uma redoma. Essa abordagem está ultrapassada. Contudo, de uma perspectiva sustentável, é preciso colocar a questão: o que vai beneficiar mais as gerações futuras?
Nosso crescimento econômico se baseia em metas de prazo demasiado breve e na pura maximização dos lucros. E as boas propostas políticas são tão diluídas no longo caminho até a implementação, que não têm força para impedir tais práticas.
Crescimento econômico sustentável: aqui há uma enorme lacuna entre a meta e a realidade. E até o momento não dá para reconhecer qualquer tipo de vontade séria para fechar essa lacuna até 2030.