Angela Merkel e Emmanuel Macron deveriam simplesmente tomar a iniciativa e declarar juntos a suspensão de novas conferências de cúpula do Grupo dos Sete (G7). Quem poderia questionar que tenham esse direito? Uma vez que a Cúpula Econômica Mundial – como se chamava originalmente o encontro anual dos líderes das maiores nações industriais – remonta a uma ideia do então chanceler federal alemão, Helmut Schmidt, e do presidente francês, Valéry Giscard d'Estaing, não há dúvida que o direito autoral cabe a seus sucessores eleitos.
A renúncia ao megaevento seguramente não será nenhuma perda para a humanidade. Da ideia original – de uma conversa confidencial ao pé da lareira, longe de todas as amarras protocolares, como ocorreu pela primeira vez em 1975 – não resta mesmo mais nada. Em vez disso, a cada ano, de preferência no local mais distante possível, por medo de protestos, acontece uma algazarra de mais de mil jornalistas, interpretando ao vivo cada gesto e cada expressão facial dos Sete Grandes.
E por os dirigentes saberem disso, eles se encenam, enviam fotos suas para todo o mundo, sobretudo para impressionar o eleitorado em casa. Nunca foi possível observar tão bem quanto no atual encontro, como uma mesma cena pode suscitar tantas interpretações nacionais diferentes.
E aí vem a declaração final, após longas negociações diplomáticas e portanto extremamente vaga, que há vários anos faz parte da cúpula. Se vai ser assinada por todos ou não, não tem o menor efeito sobre os destinos do mundo.
Seja como for, há que se perguntar se, nas poucas horas que o encontro dura, é preciso mesmo barganhar sobre o lixo plástico no mar ou sobre o empreendedorismo feminino nos países em desenvolvimento. Ambos são, sem dúvida, temas importantes, mas nesse círculo? Não existem fóruns mais apropriados no contexto das Nações Unidas?
Em 2007, na alemã Heiligendamm, os estadistas deliberaram sobre a mudança climática, embora já tivesse ocorrido a Conferência do Clima anual. Quanto à crise financeira que oito semanas mais tarde abalaria o mundo, ninguém viu chegar. Os economistas chamam isso de negligenciar a competência distintiva. O resultado, em geral, é a falência.
De qualquer modo, faz tempo que o nome G7 não corresponde mais à realidade. Em vez de Itália e Canadá, há anos o lugar à mesa de conferências dos "Sete Realmente Grandes" deveria caber à Índia e sobretudo à China. Por isso, após a crise financeira, se criou o G20, especialmente para consultações sobre a economia mundial, uma vez que nada mais anda sem os países emergentes em rápido crescimento.
A rigor, já na época o G7 deveria ter se dissolvido, mas, convencido da própria importância, o grupo usou o estratagema de se redefinir como "comunidade de valores". O que é tão risível quanto a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), a qual, à parte todo seu discurso de valores comuns, nunca teve problema com ditaduras militares, nem a grega, nem as diversas turcas.
Não, a Otan e o G7 não passam de comunidades de interesse ad hoc. E os Estados Unidos, como membro mais poderoso de ambos os clubes, decidiu, por canais democraticamente legitimados, redefinir agora seus interesses de política comercial. Os eleitores de Donald Trump se deliciam com a política de seu presidente, como provam as sondagens atuais. Nesse sentido, uma correção de curso não está à vista, no curto prazo, por mais que se deseje deste lado do Atlântico.
Com isso, o mais tardar agora o G7 perdeu sua base de existência, todo o resto era mesmo acompanhamento decorativo, sem valor prático real. Não se trata, em absoluto, de uma ruptura das relações transatlânticas, ainda há suficientes consultações em outros níveis.
Mas Angela Merkel tem decididamente razão ao afirmar que agora, mais do que nunca, tudo depende da unidade dentro da União Europeia. Um apelo dirigido, em primeira linha, a ela mesma, pois é quem melhor sabe o quanto das atuais distorções na UE foi desencadeado por ela e pelos governos que liderou.
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