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Questões em aberto

31 de agosto de 2009

Três eleições estaduais na Alemanha revelam perdas para a CDU, um SPD ainda fraco e novo impulso para os partidos de oposição A Esquerda, FDP e verdes. Jochen Vock analisa o significado para a eleição nacional.

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Dificilmente os políticos alemães aproveitam o momento após o fechamento das urnas para dizer o que realmente pensam. Também depois dos pleitos estaduais deste domingo (30/08), cada um quis se apresentar como vencedor, sobretudo a quatro semanas da muito mais importante eleição de nível federal.

Para início de conversa: a União Democrata Cristã (CDU) não goza de um bônus por ser o partido da chefe de governo. Por mais que Angela Merkel seja querida pelo povo, o partido da premiê continua registrando perdas, e em parte elas são dramáticas.

A meta de, após o 27 de setembro, formar uma coalizão com o Partido Liberal Democrático (FDP) – como já ocorreu sob o premiê Helmut Kohl – permanece realista, em face das conquistas consideráveis dos liberais. Porém Merkel ainda não tem como estar totalmente certa de que a coligação se realizará.

A ladainha dos social-democratas, de que a Alemanha não quer uma coligação amarelo-negra (FDP-CDU/CSU) em Berlim, não passa, no momento, de mera palavra de ordem eleitoreira. O júbilo sobre um "bom pleito" permanece vazio. Os resultados do partido representam, no melhor dos casos, uma estabilização no nível mínimo.

Apesar de tudo, os social-democratas têm perspectivas de participar de mais dois governos estaduais, do Sarre e da Turíngia. Mas, projetadas em nível federal, as únicas chances do SPD estariam numa tripla coalizão vermelho-vermelho-verde (SPD, A Esquerda e Partido Verde).

Para uma dupla vermelho-verde não há votos suficientes, e no momento os social-democratas rejeitam uma confluência com os esquerdistas em nível nacional. Assim, sobram como alternativas: amarelo-negro (FDP-CDU/CSU) ou a continuação da atual "grande coalizão" entre CDU/CSU e SPD.

Brigas das cores

A tendência nacional a um Parlamento alemão de cinco partidos se confirmou no pleito deste domingo. Isso permitiria novas constelações, inclusive a tão discutida vermelho-vermelho (SPD-A Esquerda), há tempos taxada, por conservadores cristãos (CDU/CSU) e liberais, de perigo vermelho.

Ainda assim, a campanha eleitoral federal surprendentemente não se mostra nada empolgante: muitos alemães até mesmo a classificam como maçante. Para eles, grande parte dos políticos se mostra alheia às questões prementes do cotidiano. Discute-se demais sobre cores de coalizões e não o suficiente sobre as consequências da crise econômica para postos de trabalho, finanças estatais e sistema social, as quais estão longe de haver chegado a termo.

Alguns se resignam e sequer comparecem às urnas, por isso a participação do eleitorado na próxima eleição parlamentar nacional é um grande ponto de interrogação. Nas eleições estaduais, ela diminuiu sensivelmente. Além disso, muitos eleitores ainda se encontram indecisos, o que torna difícil qualquer prognóstico sobre o desfecho do pleito de 27 de setembro.

Uma boa notícia para todos os democratas foi o recuo da votação para o partido de extrema direita NPD na Saxônia. No entanto, o retorno dos radicais de direita a um parlamento estadual alemão, pela primeira vez desde o final da Segunda Guerra, demonstra que o "perigo marrom" não deixou de vez de pairar sobre a política parlamentar do país.

Autor: Jochen Vock
Revisão: Alexandre Schossler