Ucranianos são os vencedores da eleição presidencial
27 de maio de 2014Já era esperado que o "magnata do chocolate" Petro Peroshenko saísse vencedor das eleições presidenciais ucranianas. Nas últimas semanas, todas as pesquisas de opinião apontavam para a sua vitória. Mas que ele viesse a obter a maioria absoluta já no primeiro turno é uma grande surpresa.
Junto a uma participação eleitoral aparentemente sólida, os cidadãos na Ucrânia enviam um sinal claro através da escolha incontestável do rico empresário e político de longa data: após meses de crise política, da anexação da Crimeia pela Rússia e da ameaça por separatistas pró-russos na região de Donetsk e Lugansk, os ucranianos se apresentam como uma nação unida. E, assim, escolhem um político de centro com convicções pró-europeias como novo chefe de Estado legítimo.
A opção clara dos ucranianos por Poroshenko no primeiro turno esclarece jurídica e politicamente a situação na Ucrânia após a queda do presidente Viktor Yanukovytch. Ainda que muitos cidadãos ucranianos na região de Donetsk e Lugansk não tenham podido participar das eleições, porque ali o pleito foi impedido à força pelos separatistas pró-russos. Também a população da Crimeia não pôde votar, já que a península é controlada agora por Moscou.
No entanto, em todas as outras partes da Ucrânia, as eleições transcorreram de forma calma e ordeira. Com o resultado claro nas eleições livres e democráticas, fracassaram as tentativas dos separatistas pró-russos e do Kremlin em Moscou de desestabilizar ainda mais a situação política e impedir a realização das eleições presidenciais na Ucrânia.
E ainda mais: a opção clara dos ucranianos por Petro Poroshenko cala, definitivamente, todos aqueles na Rússia e também na Europa que acreditam no conto fantástico de propaganda russo sobre uma "tomada de poder fascista" na Ucrânia. Pois, certamente, Petro Peroshenko não é um político radical.
Com certeza, será difícil para Moscou demonizar Poroshenko como "facista antirrusso", levando em conta que quase todos os russos conhecem os chocolates produzidos pela Roshen, a empresa de Poroshenko. Já há anos, uma boa parte das vendas da empresa de doces e chocolates é efetuada na Rússia.
A maior tarefa de Poroshenko será o estabelecimento de um diálogo com a Rússia. Não se trata apenas de fazer com que Moscou desista do apoio à ação dos separatistas pró-russos em Donetsk e Lugansk. Trata-se antes de se conseguir um acordo com a Rússia com vista ao fornecimento de gás. Pois somente se esta questão central for regulamentada nos próximos dias e semanas, Poroshenko pode se preparar para o combate à crise econômica e social na Ucrânia.
Portanto, muito vai depender da reação de Moscou. O presidente russo, Vladimir Putin, deve não somente respeitar a escolha dos ucranianos, como ele anunciou, mas também reconhecer Poroshenko como vencedor e manter conversas formais com a nova liderança ucraniana.
Com a eleição de Poroshenko, os ucranianos demonstraram claramente que, após os levantes das últimas semanas, estão unidos como nação e que, ao mesmo tempo, não querem soluções radicais.