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A maquiagem verde de Macron

Barbara Wesel Studio Brüssel
Barbara Wesel
28 de novembro de 2018

Para os próximos anos, o presidente francês promete menos energia atômica e mais energias renováveis. Mas ele não pode realizar seus planos às custas dos cidadãos, opina Barbara Wesel.

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Placa amarela com palavra "Danger", "Perigo", alerta contra entrada na área da usina nuclear de Fessenheim, a mais antiga da França
Central nuclear de Fessenheim é antiga e conhecida por panesFoto: picture-alliance/dpa/P. Seeger

O plano energético do presidente francês não é nem uma entrada na saída: 75% da França dependem da energia atômica, e ele quer reduzir essa parcela aos 50% daqui a dez anos.

Pelo menos Emmanuel Macron deverá, finalmente, fechar a central de Fessenheim, conhecida por panes e um ponto de discórdia permanente entre Alemanha e França. Apesar disso, o país ainda vai depender da energia atômica por décadas. Macron não ousa onerar seus cidadãos com preços ainda mais altos de energia, depois que sua decisão de aumentar os impostos sobre a gasolina e, sobretudo, sobre o diesel ter desencadeado protestos em massa.

Na França, a energia nuclear vai para a tomada e, durante anos, foi barata. Macron agora não se atreve a tocar nesse recurso, já que existem poucas resistências contra a energia atômica no país. Por esse motivo, o governo também pode continuar mantendo em funcionamento usinas que, na verdade, estão no fim de suas vidas úteis.

O presidente simplesmente não quer provocar mais oposição contra seus planos de política econômica. Com sua enorme dependência da energia nuclear, a França apenas perdeu a oportunidade da conversão para as energias renováveis e ficou bem atrás de seus vizinhos nesse quesito.

Também por isso, Macron continua chamando a eletricidade nuclear de "energia barata e livre de carbono", ignorando os riscos. Nesse contexto, o argumento do preço é um blefe, já que os enormes custos para o fechamento de dezenas de velhos reatores nucleares são apenas empurrados para o futuro. Fessenheim será, de fato, a única usina que o presidente ainda fechará – todos os outros planos fazem parte de um futuro distante.

Além disso, os dois a três bilhões de euros adicionais para energias renováveis que o presidente agora promete mal consolam. Apesar de a gigante energética EDF estar iniciando o planejamento para mais energia eólica e solar, a política energética como um todo parece sem convicção e descoordenada.

É precisamente no sul do país que a energia solar poderia ser utilizada em grandes áreas, mas faltam tecnologia barata, conhecimento local e estímulos para a indústria e os cidadãos. Na França, a maioria das casas mal isoladas continuam sendo aquecidas com eletricidade. Apesar de os preços terem subido dolorosamente nos últimos anos, a maioria dos franceses não tem alternativa. E Macron teme um redirecionamento fundamental, já que tem problemas suficientes. Falta-lhe o dinheiro no caixa do governo para apoiar essa reorientação cara com programas de grande porte.

Por outro lado, o presidente francês se acomodou com soluções fáceis para seus outros planos ambientais, especialmente no que diz respeito à redução de emissões poluentes do diesel. Ele simplesmente girou a chave dos impostos para desencorajar os cidadãos de comprar ou usar veículos movidos com esse combustível. A ira popular o pegou de surpresa, mas a culpa da polêmica é do próprio Emmanuel Macron e de seus conselheiros. Eles mostraram que não sabem nada sobre a vida nas grandes áreas rurais e que, de fato, lidam com a arrogância das elites da capital.

Ainda que os manifestantes contra alta dos combustíveis, conhecidos pelos coletes amarelos, ajam de forma anárquica e tenham sido infiltrados por outros interesses, suas reivindicações iniciais eram justificadas. Durante décadas, o maior país da União Europeia incentivou a instalação de supermercados em áreas rurais. Isso destruiu as antigas estruturas com lojas e mercados em vilarejos e pequenas cidades.

Ao mesmo tempo, economizou-se em transporte público de proximidade. Agora, as pessoas precisam dirigir por quilômetros para qualquer compra ou consulta médica. Sua raiva é compreensível, já que precisam pagar por uma política equivocada que levou a uma espécie de desertificação da vida rural e, ao mesmo tempo, a uma dependência total do automóvel.

Se Macron quiser fazer avançar a proteção ambiental e compensar o atraso das energias renováveis na França, precisa de um plano de metas para uma ampla reforma de seu país. Ele teria que começar corrigindo os erros passados de planejar medidas ambientais de forma descentralizada, estimulando, ao mesmo tempo, a potente indústria francesa de pesquisa e desenvolvimento para as fontes de energia do futuro.

Porém, as tentativas irresolutas do presidente de vestir um colete verde às custas da população deverão afundar na ira popular. Combate às mudanças climáticas e virada energética não são temas com os quais alguém possa se enfeitar e adotar ares de modernidade. Eles exigem muito mais conhecimento, comprometimento e vontade política do que o que o presidente Macron quis investir até agora.

Barbara Wesel é correspondente da DW em Bruxelas.

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