As primárias desta terça-feira (19/04), em Nova York, trouxeram apenas uma surpresa: uma notável sensação de alívio para a equipe de Hillary Clinton. Quando os americanos começaram a ir às urnas, ninguém questionava que a ex-primeira-dama, eleita duas vezes senadora pelos nova-iorquinos, conseguiria uma vitória clara em "seu estado". Mas este ano já mostrou que nada pode ser dado como certo – nem mesmo por ela.
Se seu principal rival, Bernie Sanders, tivesse ficado na casa dos dez pontos percentuais de distância dela, a já arranhada imagem da ex-secretária de Estado como favorita dos democratas sofreria novo e significativo abalo. Ela precisava de uma vitória clara no estado que chama de casa. E um triunfo como este – com 58% dos votos contra 42% de Sanders – foi especialmente importante para manter o moral dela elevado perante seus eleitores.
Mesmo antes de os nova-iorquinos terem ido às urnas, uma maioria considerável dos eleitores tinha votado em Clinton, mas a série de pequenas vitórias de Sanders vinha tendo uma influência na corrida democrata.
Muitos dos eleitores de Clinton pareciam cansados e frustrados. Em conversas privadas, eles admitiam que a situação lembrava as primárias de 2008, quando o então pouco conhecido senador por Illinois Barack Obama fez o que muitos consideravam impossível e venceu o império políticos dos Clinton. A dúvida é se o autointitulado socialista Bernie Sanders, com sua imagem de revolucionário e com o apoio de eleitores jovens, tem força para repetir a mesma façanha.
Quando os primeiros resultados começaram a sair em Nova York, era possível sentir o alívio no Hotel Sheraton, onde os eleitores de Clinton celebraram a vitória dela. Após a série de vitórias de Sanders, havia tanta energia como não se via há muito tempo. Todo mundo sabia que Nova York seria o teste derradeiro: se Clinton não fosse bem sucedida no estado, ganhar as eleições gerais em novembro seria difícil – independentemente do adversário.
Em seu discurso de vitória, Clinton expressou seus agradecimentos efusivos aos eleitores e, visivelmente aliviada, se divertiu entre a multidão. As muitas, muitas mulheres no salão a abraçaram – e não foram poucas as que exibiram lágrimas de alívio. Clinton finalmente chegou lá. Graças a um impulso dos nova-iorquinos, há pouca chance de que algo poderá tirar dela a nomeação como candidata democrata à Casa Branca.
Por outro lado, não há muito o que analisar quando se trata das primárias republicanas. Mesmo após a clara vitória de Donald Trump, ainda não está claro como o partido vai lidar com as candidaturas em sua convenção.
A situação é a mesma das últimas semanas: esperar e ver. O que está claro é que os republicanos vão realizar sua convenção entre 18 e 21 de julho, em Cleveland, e que os delegados terão que escolher entre aceitar o candidato mais votado ou apoiar outro nome – possivelmente jogando a legenda numa crise existencial.
Clinton está ciente deste dilema. Após a vitória em Nova York, ela pode tirar seu foco dos rivais democratas e se centrar numa campanha contra seu futuro adversário republicano nas eleições de novembro. Chegou o momento de esta disputa começar.