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Opinião: Azarões estão salvando a Eurocopa

Joscha Weber
16 de junho de 2016

Ampliação no número de seleções no torneio foi criticada, mas equipes menores, que não teriam chance no sistema antigo, estão proporcionando as melhores partidas na França, opina o jornalista Joscha Weber.

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Joscha Weber é redator de esportes da Deutsche Welle.
Joscha Weber é redator de esportes da Deutsche Welle.

Com o apito final, os jogadores de branco caíram em campo. De decepção, de cansaço. Eles deram tudo, correram, defenderam de corpo e alma, mas sempre procurando o caminho do gol, enfrentando com orgulho a equipe anfitriã francesa. Mesmo assim, veio a derrota por dois gols no último minuto da partida.

Deitados, sentados, ali estavam os albaneses. Esgotados, tristes e derrotados. Embora nada os impedisse de deixar o estádio Vélodrome, de Marselha, de cabeça erguida.

Azarões absolutos, os albaneses jogaram, em determinados momentos, de igual para igual com o time francês, um dos favoritos do torneio. Antes do início da competição, quem apostasse um euro na vitória da França na Eurocopa recebia quatro de volta. Pela mesma aposta, um triunfo final da Albânia equivaleria a 501 euros. Só que tal diferença não pôde ser vista em campo entre o primeiro e o último colocado na tabela de apostas. E a Albânia não é um caso isolado.

Pois, até agora, foram os chamados "pequenos" que animaram a Eurocopa. Apesar de sua presença só ter sido possível porque a Uefa, entidade máxima do futebol europeu, ampliou de 16 para 24 o número de participantes, os azarões mostram que, em termos esportivos, são merecedores de sua vaga no torneio

A Hungria surpreendeu a forte equipe austríaca com uma clara vitória, enquanto os islandeses levaram ao desespero Cristiano Ronaldo, eleito por três vezes o melhor jogador de futebol do mundo, com um empate de 1 a 1. Sem a menor chance na Euro realizada há quatro anos, de repente, os irlandeses mostraram força na partida contra a Suécia, e a Ucrânia desafiou por um bom tempo os campeões mundiais alemães. E tanto o País de Gales quanto a Eslováquia já pontuaram com vitórias. Vive les outsiders!

A ampliação da Eurocopa demonstrou ser um ganho. As partidas mostraram mais qualidade que esperado; os grupos sorteados são, sem exceção, emocionantes, e a maioria dos jogos tem feito a alegria dos europeus loucos por futebol. É claro que por trás de tudo isso se encontra um interesse de exploração econômica por parte da Uefa, que embolsa grandes quantias a cada jogo.

Naturalmente, devemos à ampliação da tabela de jogos também aos joguinhos de poder dentro da entidade máxima do futebol europeu, que, com tais medidas, consegue movimentar votos das federações menores. E, é claro, a regra selecionada – segundo a qual após a fase de grupos restarão apenas oito dos 24 times iniciais – não deixa de ser uma piada.

Mas as seleções chamadas "pequenas" mereceram seu lugar em campo. Devido ao desempenho em parte impressionante nas Eliminatórias e, sobretudo, pelo que mostraram nas primeiras rodadas do torneio. Em nível de clubes, no entanto, o futebol europeu vivencia uma concentração crescente, tão sinistra quanto tediosa, em torno de um punhado de grandes equipes.

Com regras de qualificação bastante desiguais, a Liga dos Campeões já se tornou, há muito tempo, um clube fechado de equipes mais abastadas. O fato de na Eurocopa também equipes menores e financeiramente mais fracas brilharem talvez seja a primeira notícia realmente boa num campeonato que, de outra forma, foi marcado até agora por manchetes negativas.

O jornalista Joscha Weber é chefe da redação de esportes da DW.