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Opinião: Cuba está diante de uma nova revolução

19 de setembro de 2015

Durante visita a Cuba, o Papa deverá insistir para que cubanos possam praticar livremente sua religião. Para articulista da DW Astrid Prange, Francisco coloca agora em polvorosa os velhos revolucionários em Havana.

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Prange de Oliveira Astrid Kommentarbild App
Articulista da DW Astrid Prange

Rezar pode ser pecado? Em Cuba, atualmente, essa pergunta não pode ser respondida definitivamente com um "não". Pois as orações do papa Francisco, terceiro mandatário da Igreja Católica a visitar Cuba em 20 anos, são altamente políticas. Seus pedidos de ajuda em direção ao céu podem contribuir para abalar, em sua base, o sistema de partido único dos velhos revolucionários.

Durante sua visita à ilha, o Santo Padre vai insistir para que todos os cubanos possam praticar livremente a sua religião, um direito que já lhes é conferido pela Constituição cubana, mas muitas vezes ignorado na prática. Ele vai insistir para que igrejas sejam construídas e reformadas, para que as paróquias tenham acesso à internet e possam criar a sua própria mídia. Ele vai sugerir que a Igreja Católica possa administrar novamente escolas, universidades e hospitais.

As demandas de Francisco não devem ser compreendidas somente como "bônus" para o sucesso da diplomacia do Vaticano na aproximação entre Havana e Washington. Elas também revelam que liberdade de religião é mais do que poder realizar missas sem ser perturbado pela polícia secreta, mais do que venerar santos e fazer procissões.

Liberdade religiosa é um direito humano que toca o cerne da dignidade de cada indivíduo. É um dos fundamentos de uma sociedade aberta e democrática. Em Cuba, por meio da crescente influência do Vaticano, isso pode vir a se tornar agora um catalisador de reformas. Já desde o colapso da União Soviética, a Igreja Católica tem tentado desempenhar esse papel. Agora parece que o histórico momento chegou.

Além disso, mais uma vez, a Igreja Católica faz história na América Latina. Nas décadas de 1960 e 1970, os bispos do Novo Mundo assustaram os cardeais em Roma com a revolucionária Teologia da Libertação. Atualmente, essa ideologia chegou ao Vaticano na pessoa do papa Francisco, colocando agora em polvorosa os velhos revolucionários socialistas em Havana.

Em sua visita a Cuba, o papa Francisco não quer mostrar somente que a Igreja está do lado dos desfavorecidos. Ele quer libertar a "Igreja silenciosa" da existência vaga que leva desde a revolução de 1959. Ele vai pedir a todos os cubanos para que rezem pela Igreja deles. Já é certo que seus pedidos de ajuda serão escutados pelo povo. Cuba está diante de uma nova revolução. Viva a liberdade de religião!