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Difícil opção entre o palhaço e o político da velha geração

Bernd Johann
1 de abril de 2019

Comediante larga na frente na eleição presidencial da Ucrânia, em primeiro turno "de protesto". Para jornalista Bernd Johann, eleitores deverão ter mais cuidado na segunda rodada eleitoral, apesar da difícil escolha.

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Petro Poroshenko e Volodimir Zelenski
Petro Poroshenko e Volodimir Zelenski disputam segundo turno na Ucrânia

As eleições compõem o cerne de uma democracia: o povo decide quem deve e quem não deve governar o país. Às vezes é difícil fazer essa escolha, e é isso o que acontece agora na Ucrânia. Após o primeiro turno da eleição presidencial, um humorista profissional largou na frente: o comediante e astro de TV Volodimir Zelenski.

Ele recebeu quase o dobro de votos do presidente Petro Poroshenko, que tem pela frente mais três semanas para temer pela sua reeleição.

O resultado é um duro golpe para Poroshenko. Cinco anos atrás, ele ganhou fulminantemente já no primeiro turno. Hoje, seu índice de aprovação está bem longe daquela época. Na Ucrânia, é demasiadamente grande a decepção com sua política. Ele não implementou todas as reformas anunciadas. Algumas ficaram pendentes, como a luta contra a corrupção.

Ele também não conseguiu pôr fim à guerra com a Rússia na região de Donbas. E acima de tudo, o padrão de vida no país do Leste Europeu continua a ser um dos mais baixos da Europa. Assim como antes, somente os ricos empresários ucranianos, os chamados oligarcas, de dão bem. Poroshenko é a garantia disso: ele mesmo é um deles. E agora colhe os frutos do que plantou.

Poshenko, pelo menos, ainda pode dizer que está no páreo. Ao contrário de Yulia Tymoshenko, cujo sonho de presidência terminou já no primeiro turno. O sucesso de Zelenski e Poroshenko frustrou as pretensões da política ucraniana. Com seu típico programa eleitoral populista, a ex-primeira-ministra queria tirar votos do atual presidente, mas conseguiu mobilizar apenas sua própria base eleitoral.

Tymoshenko está fora, Poroshenko ainda está no páreo – ambos personificam, em essência, uma velha geração de políticos que muitos ucranianos não querem mais. Para essas pessoas, Zelenski aparece agora como uma alternativa.

É muito claro que esse primeiro turno foi sobretudo uma eleição de protesto, que não pôde resultar numa decisão. Isso era previsível, levando em conta as pesquisas de intenção de voto. Num primeiro momento, Zelenski se beneficiou desse voto de protesto. No segundo turno, no entanto, os eleitores poderão ter mais cuidado em observar os candidatos.

Pois, apesar de toda a decepção com Poroshenko, muitos ucranianos também estão questionando como Zelenski realmente seria se fosse presidente. Eles o conhecem apenas como humorista e, especialmente, de uma série de televisão em que ele interpreta o presidente da Ucrânia.

Mas como seria se ele fosse realmente presidente?

Seu programa político, até onde se pode falar de um programa, é bastante nebuloso. Durante a campanha eleitoral, Zelenski permaneceu principalmente o comediante que é. Ele quase não deu entrevistas, não participou de debates políticos. Em vez disso, viajou de cidade em cidade com sua equipe de show – sátira em vez de política.

Os ucranianos vão estar à frente de uma decisão difícil no segundo turno: ou votam no atual presidente, que muitos não querem mais. Ou votam no seu adversário, cujos objetivos políticos só conhecem nebulosamente. Um palhaço versus um presidente. Uma eleição com resultado incerto.

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