Após os atentados contra duas igrejas coptas no Domingo de Ramos (09/04), o Egito é palco de uma admirável onda de solidariedade: cidadãos muçulmanos prestam suas condolências à minoria cristã, evocam a unidade do país, no Twitter e no Facebook, e doam sangue para vítimas cristãs do terrorismo.
A mensagem é tão consoladora como inequívoca: nós todos somos egípcios, não nos deixamos dividir por propaganda e violência! Esse Egito também merece a solidariedade dos europeus, pois não havia resposta melhor para o terrorismo do que essa.
A estratégia dos terroristas visa exatamente provocar um cisma entre muçulmanos e cristãos, assim desestabilizando a sociedade egípcia a partir de seu interior. Por isso, a solidariedade que os cristãos do país vivenciam agora, após os ataques, é também uma importante mensagem a todos os ativistas e simpatizantes do "Estado Islâmico" (EI), que, com repugnante orgulho, reivindica para si ambos os crimes. Outros islâmicos se contrapõem a eles, dizendo em alto e bom som: o terror contra adeptos de outras crenças não tem absolutamente nada a ver com a nossa fé.
Agora é a vez da política. O presidente Abdel Fattah al-Sisi decretou três meses de estado de emergência e anunciou medidas de segurança reforçadas. Os cristãos do Egito precisam urgentemente dessa proteção. Não lhes resta alternativa senão confiar a própria segurança ao governo e cooperar com ele da melhor forma possível – mesmo correndo o risco de cair mais ainda na mira dos radicais islâmicos, que os veem como vassalos do odiado regime Al-Sisi.
No entanto até agora Cairo não foi capaz de proteger os cristãos e de sustar o assassinato e expulsão dos coptas da Península do Sinai. Nesse ponto o presidente precisa fazer mais, também recorrendo a meios militares, mas ao mesmo tempo agir com prudência.
Uma investida ainda mais dura contra os críticos do regime e oposicionistas, e acima de tudo novas violações dos direitos humanos, seriam fatais. Elas poderiam dividir a sociedade e tornar a situação ainda mais perigosa para os cristãos.