1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Nobel da Paz

10 de outubro de 2008

Comitê de Oslo surpreendeu com sua decisão sobre o Nobel da Paz. Mesmo assim, podemos felicitar os membros do comitê pela escolha, opina Sybille Golte-Schröder.

https://p.dw.com/p/FXxs

Mais uma vez o comitê em Oslo conseguiu surpreender o mundo com sua decisão sobre o Nobel da Paz. No ano olímpico de 2008, o prêmio não foi para nenhum dissidente chinês, nem uma advogada russa dos direitos humanos. Mesmo assim, temos motivo para felicitar os membros do comitê pela escolha.

Golte_Sybille.jpg
Sybille Golte-Schröder

Embora Martti Ahtisaari no momento não esteja nas manchetes, ele mais do que merece o prêmio por tudo o que fez em sua vida. Ele é considerado em todo o mundo um dos diplomatas mais experientes em nível internacional.

Nas últimas décadas, suas missões de mediação em campos politicamente minados aproximaram da paz muitos conflitos complicados. Não é de admirar que ele estivesse por tantas vezes na lista dos nomeados para o prêmio.

O comitê Nobel salientou seu engajamento na antiga província indonésia de Aceh. Hoje em dia, apenas alguns poucos ainda se lembram da sangrenta guerra civil de três décadas, que causou a morte de dezenas de milhares de pessoas na região. O conflito faz felizmente parte do passado e isso em primeira linha é um mérito de Ahtisaari.

Mesmo que a guerra civil neste meio-tempo tenha sido esquecida, vale a pena olhar para trás, pois Aceh foi uma clara demonstração do potencial de conflitos que há no mundo. Disputas por recursos naturais, tensões étnicas, fundamentalismo religioso, problemas de meio ambiente – trata-e de uma mescla perigosa, que com o fornecimento de armas de alguma parte interessada também pode explodir em outros ambientes políticos.

Em Aceh, houve ainda o tsunami e suas conseqüências catastróficas ao longo da costa da província. Aproveitar esta crise como oportunidade é uma grande arte da diplomacia. Das ruínas da catástrofe natural elevou-se uma nova Aceh, uma província em grande parte pacífica no Estado multiétnico da Indonésia.

Ironia da história: quase que simultaneamente ao anúncio do Nobel da Paz, o ex-líder dos rebeldes, Hasan di Tiro, voltou à pátria. A guerra civil está realmente encerrada.

Aceh é apenas uma estação – talvez a mais importante – na vida do cidadão do mundo e amigo da paz Martti Ahtisaari. Há outras – nem todas as missões acabaram de forma satisfatória para todos os lados. Kosovo é a segunda palavra-chave importante na carreira de mediador do ex-presidente finlandês.

A última missão de Ahtisaari – a independência do Kosovo – enfrentou e ainda enfrenta resistência, ao menos por parte da Sérvia e da Rússia.

Mas, sejam defensores ou críticos, ao menos as controvérsias são discutidas em nível político e não com violência. E mais uma palavra-chave: também nas negociações pela independência da Namíbia Marti Ahtisaari já esteve à mesa de debates.

Nada leva a crer que o diplomata de 71 anos se recolherá para o merecido descanso após receber o Nobel da Paz. Afinal, ainda há muitos conflitos que exigem seu talento especial, a diplomacia tranqüila. Também em relação ao Iraque ele já se manifestou.

O Comitê Nobel instituiu neste ano um claro sinal da importância e da eficácia da mediação para a solução dos conflitos mundiais. Ele não poderia ter escolhido um candidato melhor do que Martti Ahtisaari para esta propagar mensagem. (rw)

Sybille Golte-Schröder é chefe da redação em indonésio e diretora das redações de DW-RADIO para a Ásia.