Opinião: O caminho errante de Obama na guerra síria
10 de setembro de 2013Tomar decisões sobre guerra e paz, sobre vida e morte é requisito principal da candidatura ao cargo de presidente dos Estados Unidos. No primeiro ano de seu mandato, Obama tomou explicitamente para si essa tarefa: "Quando um problema tem uma solução clara, ele não vem parar na minha mesa. A única coisa que eu decido são as questões difíceis", disse o presidente americano em entrevista.
No entanto, foi justamente isso que Obama não fez no caso da Síria. Desde o início do conflito, em março de 2011, ele hesitou e titubeou. Foram necessários meses de violência até que Obama se posicionasse e exigisse a renúncia de Assad. Ele descartou uma intervenção militar e o envio de armas à oposição. Consequências: nenhuma.
Guiado em vez de guiar
Quando um porta-voz do Pentágono, seguido pela então secretária de Estado Hillary Clinton, falou do uso de armas químicas como uma linha vermelha, em meados de 2012, Obama só os acompanhou nove dias depois.
Apoiado por Hillary, o Pentágono apresentou a Obama, em seguida, planos para o fornecimento de armas aos rebeldes. Ele rejeitou. Consequências: nenhuma.
Quando surgiram os primeiros relatos sobre o emprego de armas químicas, Obama se referiu a isso como um "game changer", ou seja, como uma mudança de jogo. Depois que a inteligência americana confirmou esse uso, Obama disse que era preciso primeiro descobrir quem foi o responsável. Consequências: nenhuma.
Quando o novo chefe do Pentágono, Chuck Hagel, declarou finalmente que os EUA estariam avaliando o envio de armas, Obama logo se juntou a ele. Ao mesmo tempo, ele advertiu que primeiro era necessário "olhar antes de saltar". Consequências: nenhuma.
Sem bússola
Finalmente, em meados de 2013 – de acordo com dados das Nações Unidas mais de 90 mil pessoas morreram até então na guerra síria – Obama aprovou o envio de armas. Mas mesmo quando Washington confirmou os relatos sobre um uso em larga escala de armas químicas pelo regime de Assad, ele continuou a hesitar.
A princípio, ele explicou que tinha se decidido por uma intervenção militar. Quando, no entanto, o Parlamento Britânico rejeitou uma participação, Obama mudou de curso numa questão de horas e passou também a querer a aprovação de seu Congresso.
Como é previsível que o Congresso poderia recusar o seu consentimento, seguiu-se a última pirueta retórica até o momento: o secretário de Estado John Kerry disse que, caso a Síria submeta suas armas químicas ao controle internacional, os EUA poderiam abster-se de uma ação militar. Após a Rússia e o regime de Assad receberem a notícia de bom grado, o governo Obama adiou até nova ordem o ataque planejado e tenta novamente ganhar tempo.
Falando claramente: existem razões lógicas a favor e contra um ataque militar. Uma solução ideal não existe. Em ambas as alternativas, os riscos superam em muito os potenciais benefícios: um dilema clássico.
Sem estratégia
Mas justamente para decidir situações em que há somente soluções ruins, os presidentes dos EUA são eleitos. E quem ainda, como o próprio Obama, se orgulha desse poder de decisão, dele é esperado que satisfaça essa exigência em tempos de crise. Obama não fez isso.
Desde o início da guerra, há dois anos e meio, Obama hesitou, titubeou e tentou ganhar tempo. Ele não tem guiado a situação, tem somente reagido à pressão de seu próprio gabinete, da oposição e dos acontecimentos na Síria. Até hoje, não se pode reconhecer uma estratégia para a Síria nem de forma genérica.
Por esse motivo, também se encaixa nesse cenário o fato de que, pela primeira vez, o presidente Obama – depois de dois anos e meio de guerra com mais de 100 mil mortos – queria ele mesmo falar ao povo americano sobre a questão da Síria.