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Início do fim?

14 de junho de 2010

Resultado eleitoral agravou cisão entre flandrinos e valões. Em 1º de julho país assume presidência rotativa da UE: tarefa complicada para política que tem se ocupado sobretudo consigo mesma, diz Cristoph Hasselbach.

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Os nacionalistas flamengos venceram as eleições parlamentares de domingo (13/06) na Bélgica. Sua meta é dividir o país e criar um Estado autônomo. Muitos dos flandrinos estão descontentes devido à transferência de verbas estatais para as regiões mais pobres da francófona Valônia. O que será do país cindido, que, além de tudo, assume em 1º de julho a presidência rotativa da União Europeia?

Nunca tantos flamengos elegeram os partidos que desejam uma Flandres independente, ou, no mínimo, almejam a uma maior autonomia. Ao mesmo tempo, os valões optaram em grande número pelos socialistas. Eles claramente desejam o contrário: o Estado integrado e a solidariedade nacional belga. As trincheiras se aprofundam na Bélgica. Agora Bart de Wever, chefe declaradamente separatista da Nova Aliança Flamenga, e o líder socialista valão Elio di Rupo têm a ingrata tarefa de formar, a partir daí, um governo para todo o país.

No entanto, tal é possível – e necessário. Não é aconselhável De Wever tentar intencionalmente fazer fracassarem as negociações de coligação, na esperança de, assim, estar mais perto da meta de uma Flandres independente. Também a maioria dos flamengos continua preferindo manter a unidade estatal. E este é um momento em que os eleitores esperam, acima de tudo, uma liderança forte na crise econômica e financeira.

Apesar disso, um novo governo belga precisa assumir a reforma das estruturas estatais. Será preciso oferecer aos flamengos ainda mais descentralização, também na política financeira, de forma e esvaziar o discurso dos separatistas. Ao mesmo tempo, é necessário solucionar o problema da zona eleitoral de Bruxelas e cercanias. Para grande parte dos flandrinos, é irritante o fato de cada vez mais francófonos se mudarem para o território flamengo e exigirem seus direitos linguísticos.

Entretanto os radicais flamengos precisam aceitar a impossibilidade de criar uma ilha de pureza linguística e étnica em plena Europa do ano 2010. Além disso, não deveriam estar tão certos de que irão preservar para todo o sempre sua relativa riqueza diante dos valões. A página da economia pode virar mais uma vez, e aí talvez se faça necessária solidariedade no sentido inverso.

Como se a situação política no país não já fosse difícil o suficiente, em 1º de julho a Bélgica assume também a presidência rotativa da União Europeia. Isso ocorre num momento de crise existencial econômico-financeira, que cada vez mais também se torna uma crise política.

Porém desde já é possível predizer: a Bélgica não exercerá seu status de líder na UE, pois a política belga quase só estará ocupada consigo mesma. Como sempre, quando falta esse tipo de liderança, as grandes nações europeias vêm fechar a lacuna. E aí se fará novamente ouvir a velha cantilena sobre as discrepâncias dentro da Europa, sobre como os grandes decidem por cima das cabeças dos pequenos.

E esta será a perfeita lição, para a Bélgica e a Europa, de como o regionalismo tacanho paralisa, enquanto outros decidem.

Autoria: Christoph Hasselbach (av)
Revisão: Carlos Albuquerque

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