Foi uma das mais longas sessões plenárias do Congresso Nacional do Povo da China dos últimos anos. Os parlamentares reuniram-se por mais de duas semanas em Pequim. E a agenda foi extensa. Entre outras coisas, membros do pseudoparlamento chinês deram seu aval à mais abrangente reestruturação do aparato estatal chinês em anos – incluindo uma redução significativa de órgãos governamentais e ministérios na tentativa de enxugar e tornar o governo mais eficiente. Para dar contexto: a burocracia da China é considerada uma das mais pesadas do mundo – e uma das maiores, com milhões de funcionários.
No centro do plenário anual do Congresso Nacional do Povo ficou, sem dúvida, uma pessoa: o presidente Xi Jinping. Ele deve estar mais do que satisfeito com o curso das duas semanas.
Em uma decisão histórica, o Congresso Nacional do Povo aboliu a então restrição de dois mandatos de cinco anos para presidentes chineses – com apenas dois votos contra, três abstenções e um voto inválido. Dessa forma. Xi pode teoricamente governar indefinidamente.
Os chamados "Pensamentos de Xi Jinping" também foram incluídos no preâmbulo da Constituição. Os chineses que criticarem Xi podem, portanto, ser acusados futuramente de violar a Constituição do país.
E graças à criação de uma nova comissão especial, Xi adquire uma ferramenta muito poderosa – também contra potenciais adversários: a chamada "Comissão Nacional de Supervisão" irá futuramente proceder contra a corrupção e a falta de disciplina – independentemente de tribunais e promotores.
Observadores temem um presidente chinês que, diante de todo esse poder, possa perder toda a conexão com a realidade. De qualquer forma, é certo que já faltam mecanismos que evitariam tal desenvolvimento. Sem mencionar que o progresso de mais de um bilhão de pessoas dependerá fundamentalmente do comportamento de uma única pessoa.
Antes da abertura do plenário do Congresso Nacional do Povo, muitas pessoas já consideravam Xi o homem mais poderoso do mundo. Agora, ele certamente garantiu a si mesmo tal status.
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