Oposição alemã apoia reconhecimento de massacre na Namíbia
4 de julho de 2015Os partidos Verde e A Esquerda anunciaram nesta sexta-feira (03/07) apoio a uma petição de uma organização de direitos humanos que visa convencer o governo alemão a reconhecer como genocídio os assassinatos em massa de pessoas que pertenciam aos grupos étnicos herero, nama damara e dan, no começo do século passado, na Namíbia.
"Entre 1094 e 1908, o Império Alemão realizou o primeiro genocídio do século 20", disse o líder do A Esquerda, Gregor Gysi. "O povo da Namíbia ainda sofre com os efeitos colaterais até o dia de hoje."
"Este capítulo da história colonial da Alemanha não deve ser deixado sem resolução. Como sucessor legal, a República Federal da Alemanha detém a responsabilidade", afirmou o copresidente dos Verdes, Cem Özdemir.
Na segunda-feira, uma delegação do grupo de ativistas da Namíbia Völkermord verjährt nicht (Genocídio não prescreve, em tradução livre do alemão) se encontrarão com o presidente da Alemanha, Joachim Gauck, em Berlim. Os ativistas entregarão uma petição para que o governo alemão reconheça o massacre como genocídio. Vários membros do Bundestag (câmara baixa do Parlamento alemão) estão entre os signatários.
A questão tem sido um ponto de discórdia entre Namíbia e Alemanha durante anos e, em 2004, a então ministra do Desenvolvimento, Heidemarie Wieczorek-Zeul, chegou o mais próximo de pedir desculpas pelas mortes. Durante uma visita ao país africano, ela afirmou que as "atrocidades eram o que hoje descreveriam como genocídio".
A pressão para ter os assassinatos em massa na Namíbia reconhecidos como genocídio ganhou força. Em 9 de julho, é celebrado o centenário do fim do domínio colonial alemão no que era o então Sudoeste Africano Alemão. A Namíbia foi colônia alemã de 1884 até 1915.
Entre 1904 e 1908, tropas imperiais mataram ao menos 85 mil membros dos grupos étnicos herero, nama damara e dan. Descendentes dos sobreviventes pedem por décadas que a Alemanha reconheça o massacre como genocídio e pague uma indenização.
Em abril, o presidente Gauck reconheceu como genocídio o massacre de cerca de 1,5 milhão de armênios, que foram mortos entre 1915 e 1917 pelo Império Otomano, na área da atual Turquia.
PV/dpa/kna