Oposição venezuelana racha após derrota eleitoral
25 de outubro de 2017Henrique Capriles, uma das principais vozes de oposição ao regime do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, anunciou nesta quarta-feira (25/10) que deixará a coalizão opositora Mesa de Unidade Democrática (MUD), gerando um sismo na base da oposição no país.
O motivo alegado pelo ex-candidato à presidência foi o que chamou de "traição" de um dos partidos da aliança ao aceitar que quatro governadores eleitos pela oposição nas últimas eleições regionais prestassem juramento à Assembleia Constituinte.
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"Nicolás Maduro encontrou sua oposição oficialista [...] que abaixa a cabeça e trai seus eleitores. Não serei parte dessa unidade", declarou Capriles.
A Assembleia Constituinte, eleita numa votação bastante contestada, é vista pela oposição como uma fraude. Diversos países se recusaram a reconhecer a legitimidade do processo eleitoral convocado por Maduro.
"Se alguém tem um tumor e não toma os medicamentos, deve-se retirar o tumor a qualquer momento e construir algo novo", disse Capriles à imprensa, afirmando que esta é uma oportunidade de reorganizar e fundar novamente a aliança opositora.
Ele acusou os quatro governadores da oposição, que pertencem ao partido Ação Democrática (AD), de "enganar e fraudar" seus eleitores, uma vez que teriam afirmado durante a campanha que não se submeteriam à Constituinte, dominada pelo chavismo.
Pelo ocorrido com os governadores, Capriles responsabilizou o secretário da AD, Ramos Allup, que acusou de almejar a candidatura à presidência pela oposição nas eleições de 2018. "Enquanto Ramos estiver na MUD eu não estarei", afirmou Capriles.
A AD elegeu os governadores das províncias de Anzoátegui, Médica, Nueva Esparta, e Táchira, os quais prestaram juramento perante a Constituinte.
Capriles elogiou Juan Pablo Guanipa, governador eleito pelo seu partido, Primero Justicia, no estado de Zulia, e que se negou a fazer o juramento perante a Assembleia Constituinte.
O sismo surpreendeu a oposição num momento crítico, em meio ao fortalecimento institucional do governo apos as vitórias nas eleições regionais e enquanto o país se volta para o pleito presidencial em 2018.
RC/dpa
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