Amigos da Síria criticados por oposicionistas e governo
25 de fevereiro de 2012A conferência do grupo Amigos da Síria foi alvo de críticas naquele país árabe, tanto por parte dos oposicionistas quanto de setores do governo. Conforme a mídia estatal, as conclusões do encontro de representantes de mais de 60 países na capital da Tunísia encorajariam "grupos terroristas" a continuar com o derramamento de sangue na Síria.
O jornal Al Thaura criticou especialmente o ministro saudita das Relações Exteriores, Saud al Faisal, que se colocou a favor do abastecimento de armas à oposição síria. Conforme o periódico, com esta atitude, ele encorajaria de forma "insolente" os rebeldes, colocando-se como parceiro direto do banho de sangue promovido pelos opositores do presidente Bashar al Assad.
Ativistas da oposição deploraram os resultados do encontro em Túnis, afirmando que o mundo os está abandonando para serem mortos pelas forças leais ao regime de Assad. Um de seus representantes, Nadir al Husseini, descreveu condições desesperadoras no bairro de Baba Amro, com os esforços frustrados para a remoção de três jornalistas ocidentais e dos corpos de outros dois, mortos na última quarta-feira.
Reação chinesa
A agência de notícias oficial chinesa Xinhua divulgou neste sábado (25/02) que os Estados Unidos e a Europa têm "ambições hegemônicas" na Síria. Os comentários da agência foram publicados um dia após o encontro dos Amigos da Síria ter criticado o veto da Rússia e das China a medidas contra o regime de Assad, no Conselho de Segurança da ONU. Conforme a Xinhua, a posição chinesa quanto à Síria foi equilibrada, e "a maioria dos países árabes começa a se dar conta de que os Estados Unidos e a Europa escondem um punhal por trás de um sorriso".
Apesar da mais nova tentativa da comunidade internacional para tentar um cessar-fogo, o governo sírio continuou neste sábado sua ofensiva contra os oposicionistas. Além das nove pessoas mortas no 22º dia de ataques intensos em Homs, outras 11 morreram na província de Hama, segundo informação de ativistas.
Em Homs, as forças do governo teriam disparado contra milhares de manifestantes durante um protesto no bairro de Aleppo. O Observatório Sírio dos Direitos Humanos relata que quatro pessoas foram mortas em Baba Amr e nos bairros do centro da cidade, como Khaldiyeh e Hamidiyeh. O saldo de mortos era de 53, na sexta-feira, segundo as mesmas fontes. A agência de notícias estatal Sana noticia o funeral de 18 integrantes das forças de segurança mortos em Homs, Deraa, Idlib e Damasco.
Negociando por socorro
A Cruz Vermelha Internacional segue negociando com o governo sírio a retirada de pessoas gravemente feridas durante o conflito entre forças leais a Assad e os rebeldes da região de Homs. Segundo o porta-voz da Cruz Vermelha, Saleh Dabbakeh, as conversas servem para tornar possível o "atendimento médico urgente". Na sexta-feira, o comitê da CVI conseguiu mandar pela primeira vez um comboio médico para Homs depois do agravamento dos confrontos na cidade, há três semanas.
A organização humanitária internacional teria retirado sete feridos da cidade e resgatado 20 mulheres e crianças do bairro de Baba Amr, onde os bombardeios foram concentrados nos últimos dias. Ela não teve acesso à repórter francesa Edith Bouvier e ao fotógrafo britânico Paul Conroy, feridos em bombardeios na quarta-feira e ainda aguardando atendimento. O ministério do Exterior da França divulgou que o país intensifica esforços diplomáticos para resgatar jornalistas ocidentais sitiados na cidade de Homs.
A resistência em Homs vê com ceticismo os esforços da Crescente Vermelha, braço árabe da Cruz Vermelha Internacional, para providenciar socorro às vítimas dos confrontos na região. "A demanda governamental para acionar a Crescente Vermelha é um truque sujo, porque esse grupo não é independente. Eles estão sob o controle do regime. Nós não confiamos neles", declarou o ativista Nadir al Husseini.
MP/rtr/ape/afp/dap
Revisão: Augusto Valente