Oposição convoca à desobediência civil em Honduras
5 de dezembro de 2017O clima de tensão predomina em Honduras nesta terça-feira (05/12) perante a vitória, ainda que não declarada oficialmente, do presidente Juan Orlando Hernández na eleição presidencial. A Aliança da Oposição contra a Ditadura, principal grupo oposicionista, incitou a população à desobediência civil, argumentando que a eleição foi fraudulenta.
Manifestações ocorridas entre a quarta-feira passada e esta segunda-feira deixaram mais de dez mortos, uma quantidade indefinida de feridos, mais de 500 detidos e prejuízos econômicos milionários para o país da América Central. Entre os mortos estão dois policiais.
Agentes policiais foram atacados a tiros durante uma operação para a aplicação do estado de exceção – que vigora no país desde a sexta-feira passada e que determina toque de recolher entre as 18h e as 6h – por manifestantes violentos durante a onda de protestos e vandalismo que eclodiu em várias cidades.
A oposição, liderada por Salvador Nasralla, atribuiu o vandalismo e os atos violentos a pessoas infiltradas nas "manifestações pacíficas" de seus apoiadores, que protestam nas ruas. Nasralla e o coordenador geral da Aliança da Oposição, o ex-presidente Manuel Zelaya, reiteraram que a oposição "defenderá sua vitória nas ruas" e convocaram os hondurenhos à desobediência civil. Eles disseram ainda que Hernández deveria abandonar o cargo.
Zelaya afirmou que urnas foram fraudadas no Tribunal Supremo Eleitoral (TSE), favorecendo o Partido Nacional, de Hernández, e prejudicando a oposição. Nasralla pediu nesta segunda-feira a convocação do conselho permanente , Organização dos Estados Americanos (OEA) para apresentar supostas evidências da fraude eleitoral. Ele disse que a OEA deve recebê-lo em Washington como o "presidente eleito" de Honduras.
A recontagem de 1.006 urnas ratificou a vitória de Hernández, que obteve 42,98% dos votos, contra 41,38% de Nasralla.
OEA vê falta de falta de confiança na eleição
A missão de observadores eleitorais da OEA afirmou que "a falta de confiança no processo" eleitoral de Honduras "desatou protestos que se tornaram ocasiões violentas".
Num informe preliminar, a missão afirmou que houve irregularidades durante o processo e reprovou "taxativamente qualquer expressão de líderes políticos que incite, insinue, sugira ou convoque a atuar de forma violenta."
"A missão reitera seu apelo a todos os atores do processo eleitoral e à população em geral que se manifestem em paz, sem cometer atos de vandalismo e, muito menos, sem colocar em risco sua integridade física", destaca o documento.
A missão apelou às forças de segurança do país para "atuar com suma cautela, respeitando o direito à manifestação; agindo com proporcionalidade, especialmente nos horários de toque de recolher, e sempre conforme os protocolos dos direitos humanos." A instituição ainda lamentou "profundamente a perda da vida humana" e defende "levar os responsáveis [pelas mortes ocasionadas] à Justiça".
Os observadores da OEA também salientaram que "a estreita margem dos resultados, assim como as irregularidades, erros e problemas sistêmicos que cercaram esta eleição não permitem à missão estar segura do resultado".
RPM/efe/rtr/dpa
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