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Oposição denuncia fraudes em referendo no Egito

15 de dezembro de 2012

Oposição egípcia acusa governo de fraude em referendo constitucional. Analistas apontam probabilidade de "sim" da população no resultado final.

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Foto: picture-alliance/dpa

A coligação oposicionista Frente de Salvação Nacional preferiu não conclamar a população egípcia a boicotar o plebiscito realizado no país, como anunciou anteriormente. A oposição decidiu apelar aos eleitores para que dessem seu "não" ao projeto constitucional. Entre outras acusações de fraude, os opositores alegam que as urnas não estariam lacradas e que cristãos foram impedidos de votar em uma zona eleitoral do Cairo.

"A adoção de um projeto constitucional marcado pela divisão, que viola os valores e as liberdades universais, é o caminho certo para institucionalizar a instabilidade e o tumulto", escreveu no Twitter o político de oposição Mohamed El Baradei, Prêmio Nobel da Paz.

O presidente egípcio Mohamed Morsi provocou uma série de protestos no país ao estabelecer, no mês passado, um decreto expandindo seus poderes. Durante três semanas, milhares de manifestantes foram às ruas da capital do país na tentativa de evitar a realização do atual referendo, resultando num saldo de oito mortos e centenas de feridos. 

Segurança máxima

Neste sábado (15/12), aproximadamente 120 mil soldados deram retaguarda ao grupo de 130 mil policiais encarregados de garantir a tranquilidade do pleito. A votação deverá continuar ainda na próxima semana devido à ausência de juízes eleitorais suficientes, uma vez que muitos deles se recusaram a trabalhar em sinal de protesto contra Morsi.

A Irmandade Muçulmana, que fez uma forte campanha em prol do projeto constitucional, é acusada pela Frente de Salvação Nacional de tentar implementar a sharia, a lei islâmica.

Abuso de poder

Organizações não governamentais, o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, os Estados Unidos e a União Europeia manifestaram sérias preocupações com a Constituição egípcia em votação, cujas lacunas poderão ser usadas para enfraquecer o respeito aos direitos humanos, especialmente das mulheres, bem como impedir a autonomia do Judiciário.

Os resultados oficiais do plebiscito só serão anunciados depois da votação do próximo sábado (22/12). Estimativas parciais e não oficiais deverão ser conhecidas anteriormente, antecipando o resultado do referendo.

Para ser aprovada, a Constituição terá que receber o "sim" de mais de 50% dos eleitores. Houve relatos de abusos, como abertura de determinadas zonas eleitorais com atraso, tentativa de convencimento de eleitores em boca de urna, intimidação da população e policiais sugerindo aos eleitores votarem pelo "sim".

SV/afp/rtr/dpa
Revisão: Mariana Santos