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Não foram os pepinos

1 de junho de 2011

Após descartarem os pepinos espanhóis como os responsáveis pelo surto da infecção, autoridades alemãs recomeçam do zero a busca pelo agente transmissor. Doença causada pela bactéria EHEC já matou 16 pessoas na Europa.

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Bactérias de EHECFoto: picture-alliance/dpa

A fonte de transmissão da perigosa bactéria Escherichia coli do tipo EHEC, que já matou 16 pessoas e vem espalhando pânico na Europa, continua incerta. Após realizarem vários testes em laboratório, cientistas da cidade de Hamburgo, na Alemanha, descartaram nesta terça-feira (31/05) a hipótese de que pepinos vindos da Espanha sejam responsáveis pelo surto da doença. A busca agora recomeça do zero.

Os testes mostraram que os pepinos continham um subtipo diferente da EHEC, menos perigoso. "A fonte da infecção permanece desconhecida", afirmou a secretária de saúde de Hamburgo, Cornelia Prüfer-Storcks. Ela ressaltou que a única coisa em comum entre as mais de mil pessoas infectadas até agora é o fato de terem comido folhas de alface, tomates e pepinos crus. Ela alertou a população a ficar atenta a esses alimentos – cujas vendas despencaram nos últimos dias.

A secretária defendeu o alerta emitido há alguns dias, argumentando que a variedade de EHEC encontrada também é nociva à saúde. Segundo ela, seria irresponsável não divulgar um temor tão bem fundamentado. Além disso, os exames em dois dos quatro pepinos analisados ainda não foram concluídos, disse.

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População em alerta para evitar alface, tomate e pepinos crusFoto: picture-alliance/ dpa

Segundo a secretária, o Instituto de Higiene de Hamburgo – onde registraram-se os primeiros casos – também vai analisar outros produtos alimentícios. Possivelmente será usado um teste desenvolvido pela Universidade de Münster e que leva de quatro a 24 horas para detectar a presença da EHEC em pessoas e alimentos.

Compensação financeira

A Espanha, que reclamou por ter sido vinculada à transmissão da doença na semana passada, respirou aliviada com os resultados divulgados pelo governo de Hamburgo. A ministra espanhola da Agricultura, Rosa Aguilar, pediu agora que os compradores retomem seus pedidos. "Está provado que os pepinos espanhóis não provocaram a infecção com EHEC. Nós estávamos certos", disse Rosa, que participa de um encontro informal de ministros da União Europeia na Hungria.

O Ministério da Saúde da Espanha não exclui a possibilidade de o país pedir compensações financeiras à Alemanha por conta dos prejuízos sofridos nos últimos dias pelo setor agrícola. Empresários espanhóis calculam que os produtores perderam 200 milhões de euros por semana com a suspensão dos pedidos de várias partes do continente. "A contaminação encontrada neles era capaz de causar a EHEC", garantiu a secretária de saúde de Hamburgo.

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Espanha espera que vendas de pepinos sejam retomadasFoto: fotolia

Rápida contaminação

Cientistas admitem não saber quão rapidamente a bactéria está se espalhando pelo continente.Os número de infectados graves, no entanto, continua aumentando. Até esta quarta-feira foram registrados 470 casos que podem levar à insuficiência renal aguda, segundo divulgou o Instituto Robert Koch. Até terça, este número era de 373.

"Animais infectados poderiam estar espalhando a doença. Ou mesmo pessoas contaminadas, sem sintomas, poderiam ser responsáveis pela contaminação", alertou Helge Karch, professor do Hospital Universitário de Münster, responsável pela criação do teste rápido, usado nas pesquisas.

Cerca de mil doentes infectados pela temida bactéria foram identificados na Alemanha e em países vizinhos – sendo que todos os casos fora do território alemão envolvem pessoas que estiveram recentemente no norte do país. Das mortes até agora registradas, só uma ocorreu fora da Alemanha: nesta terça-feira, a Suécia confirmou a primeira vítima fatal.

Os sintomas da contaminação pela EHEC podem variar de um simples incômodo no estômago a sérios danos nos rins, chegando à morte. E as mulheres, até agora, parecem mais suscetíveis à doença: das 16 vítimas fatais, 14 eram do sexo feminino.

MS/dpa/afp
Revisão: Alexandre Schossler