Orçamento é outra meta da UE em 2005 fadada ao fracasso
7 de dezembro de 2005A uma semana da última cúpula da União Européia (UE) deste ano, cresce o temor de que o controvertido tema do orçamento do bloco dos 25 para o período entre 2007 e 2013 acabe em fracasso pela segunda vez em 2005. Já em junho último, a sugestão apresentada pela então presidência luxemburguesa havia sido derrotada pelos votos de Reino Unido, Suécia, Holanda, Espanha e Finlândia.
Na reunião preparatória à cúpula dos próximos dias 15 e 16, realizada nesta quarta-feira (7/12) em Bruxelas, apenas Malta teria aprovado a sugestão do Reino Unido, que ocupa a presidência da UE no sistema de rotação semestral. O chefe da diplomacia britânica, Jack Straw, terá de preparar uma nova sugestão às pressas, que deve ser analisada pelos ministros do Exterior da UE na próxima segunda-feira.
Proposta rejeitada em junho previa 24 bilhões a mais
O próprio Straw reconheceu que "a maioria dos países-membros demonstrou seu descontentamento" à proposta britânica. Os críticos, entre eles o presidente da Comissão Executiva da UE, o português José Manuel Durão Barroso, consideraram a sugestão "inaceitável" e exigiram que o próprio Reino Unido faça mais concessões. A Comissão acusou Londres de não ser solidária.
O Reino Unido pretendia que o orçamento da Europa dos 25 entre 2007 e 2013 fosse de 847 bilhões de euros (1,03% da Renda Nacional Bruta da UE). Para isso, seria cortada em cerca de 10% a ajuda aos dez novos membros do Leste europeu. A proposta luxemburguesa fracassada em junho previa 24 bilhões de euros a mais.
Straw voltou a condicionar o fim do status especial do Reino Unido – instituído em 1984 – a cortes nas subvenções agrícolas, o que colide com os interesses franceses. Nos seus planos, os maiores contribuintes aos cofres de Bruxelas – Alemanha, Suécia e Holanda – pagariam menos.
Alemanha e França buscam posição comum
O ministro alemão do Exterior, Frank-Walter Steinmeier, disse após a reunião que vê chances de consenso em uma nova sugestão: "Queremos o êxito", garantiu. "O Reino Unido esteve completamente isolado em sua proposta", ressaltou o representante francês, Philippe Douste Blazy.
Uma das exigências de Blazy é que Londres reduza os auxílios especiais que recebe de Bruxelas em 14 bilhões de euros (em vez dos oito bilhões de euros que sugeriu). Nesta quinta-feira, a França e a Alemanha pretendem tomar uma posição comum em relação ao futuro orçamento.
Segundo o ministro do Exterior de Luxemburgo, Jean Asselborn, "houve uma solidariedade muito grande entre todos para mostrar aos ingleses que assim não dá". A comissária de Orçamento da UE, Dalia Grybauskaite, foi mais longe ao salientar que a presidência inglesa conseguiu unir praticamente toda a União Européia contra a sua sugestão.
Questionada se ainda considera o Reino Unido um parceiro de confiança para negociar, ela respondeu: "Espero que na mesa de negociações ainda encontremos alguém honesto".
O bloco está na reta final das negociações sobre as chamadas Perspectivas Financeiras da UE 2007-2013, devendo a decisão final ser tomada na cúpula de 15 e 16 de dezembro, em Bruxelas.