Os alemães que elegem o papa
5 de abril de 2005Os cardeais alemães que participam do conclave não precisam necessariamente votar no mesmo candidato. Como em toda a Igreja, alguns são mais conservadores e tradicionalistas, outros mais abertos a mudanças e inovações.
WALTER KASPER (72), presidente do Conselho Pontifício para Fomento da Unidade dos Cristãos. Kasper é um teólogo prestigiado e de ampla aceitação. Antes de assumir tarefas no Vaticano, foi professor em Münster e Tübingen. Como bispo de Rottenburg-Stuttgart, apelou cautelosamente, em 1993, junto com os cardeais Karl Lehmann (Mainz) e Oskar Saier (Freiburg), para que os divorciados e os novamente casados não fossem excluídos automaticamente da eucaristia. Kasper é considerado "papável".
KARL LEHMANN (68), bispo de Mainz e presidente da Conferência dos Bispos da Alemanha, é um homem de diálogo e de compromissos inteligentes. O renomado teólogo consegue conciliar posições divergentes dentro da Igreja católica há anos. Seus esforços em manter o aconselhamento a mulheres dispostas a fazer aborto fracassaram por resistência do papa. As opiniões de Lehmann também são respeitadas na área política. Como representante do catolicismo alemão, ele conquistou a simpatia de muitos por sua naturalidade e humor, participando – por exemplo – de programas populares de TV.
JOACHIM MEISNER (71), arcebispo de Colônia. O sacerdote que serviu durante muitos anos à Igreja da antiga Alemanha Oriental foi nomeado pelo papa arcebispo de Colônia, apesar da resistência da comunidade local. Meisner, que tinha um relacionamento amistoso com João Paulo II, têm um papel polarizador dentro do episcopado alemão. Em declarações veementes, ele condenou, por exemplo, o homossexualismo e qualificou o aborto como assassinato. Critica as associações católicas leigas e as jornadas católicas alemãs.
JOSEPH RATZINGER (77) desempenha um papel importante na eleição do novo papa, por ser o decano dos cardeais alemães. De acordo com as regras, o prefeito da Congregação para Doutrina e Fé também deve renunciar ao cargo após a morte do papa. Ratzinger também tem prestígio como intelectual. Como pivô da chamada Sagrada Congregação da Inquisição Romana e Universal, fundada por Paulo III em 1542, para defender a Igreja das heresias, ele é considerado um conservador extremamente apegado aos dogmas. Ratzinger também é "papável".
GEORG STERZINSKY (68), arcebispo de Berlim, foi um dos prelados líderes na antiga Alemanha Oriental. Em junho de 1989, foi nomeado bispo de Berlim. O papa João Paulo II visitou sua diocese em 1996. Politicamente, Sterzinsky ganhou destaque como radical opositor da substituição do ensino religioso por aulas de ética no sistema escolar alemão. Sterzinsky é considerado responsável pelo endividamento da diocese de Berlim, sendo criticado por não haver tomado medidas necessárias a tempo. Os cortes ordenados por ele ocasionaram uma ampla demissão de pessoal e restringiram o trabalho da Igreja em Berlim.
FRIEDRICH WETTER (77), arcebispo de Munique-Freising e ex-professor de Teologia Dogmática, estudou em Roma. Na Alemanha, pertence ao grupo de autoridades religiosas que costuma tomar partido em questões políticas e sociais. Wetter criticou a proibição de crucifixos em escolas públicas e defendeu o asilo religioso como eventual possibilidade de acolher indivíduos em busca de refúgio, como estrangeiros ilegais na Alemanha, por exemplo. Em 1982, Wetter foi nomeado sucessor de Ratzinger na arquidiocese de Munique-Freising.