Os desafios para a diplomacia dos EUA em 2020
25 de dezembro de 2019O processo de impeachment manterá ocupados até o próximo ano o presidente Donald Trump e a elite política dos Estados Unidos. Mas também em termos de política externa, 2020 promete desafios para os EUA. Trump deseja faturar mais sucessos antes da eleição, a fim de conquistar eleitores indecisos. Abaixo, uma visão geral de alguns dos parceiros (e adversários) que determinarão a política externa de Washington nos próximos meses.
Rússia: medo de manipulação eleitoral
A ingerência de Moscou nas eleições presidenciais dos EUA em 2016 foi assunto recorrente das audiências do impeachment – assim como o conflito entre a Rússia e a Ucrânia. Ambos os temas ocuparão a Casa Branca no próximo ano.
"É grande a preocupação, no governo e no Congresso, de que a interferência russa nas eleições de 2016 não permaneça um caso isolado", explica Mark Simakovsky, especialista em Rússia no think tank Atlantic Council. "Mesmo que Moscou escolha se conter, caso as coisas pareçam ir bem para Trump, ele é seu candidato preferido."
Isso é mútuo: "Trump aprecia o presidente [russo Vladimir] Putin, mas, no fim das contas, prefere não se expor nesse aspecto, pois as relações entre Washington e Moscou foram politizadas pelo processo de impeachment", diz Simakovsky. "Ele não vê a Rússia como uma ameaça, e nisso discorda de seus próprios assessores de segurança", diz o especialista.
Outro tema serão as sanções contra Moscou, introduzidas, entre outras razões, devido à intervenção da Rússia no conflito na Ucrânia. O Congresso quer acirrá-las, Trump, relaxá-las. "Afrouxar as sanções sem que nada realmente mude teria consequências negativas para os interesses dos EUA na região", avalia Simakovsky.
China: guerra comercial iminente?
Outra grande nação no topo da agenda de Trump em 2020 é a China. Washington e Pequim estão em disputa comercial desde 2018. Para o presidente americano, a China é prejudicial às empresas americanas devido por seus baixos salários e práticas comerciais. Ambas as nações se impuseram mutuamente bilionárias tarifas punitivas.
Em novembro de 2019, o governo dos EUA anunciou uma reaproximação importante nas negociações sobre um acordo comercial. Mas depois que os EUA aprovaram novas leis para apoiar o movimento democrático em Hong Kong, a China ameaçou com retaliações. Um possível acordo está, portanto, congelado.
Isso é crítico para Trump, que precisa do apoio de agricultores do centro-oeste rural para vencer a eleição. E eles são afetados pelas tarifas que a China introduziu para seus produtos durante a disputa. Talvez por isso os negociadores americanos tenham cedido em meados de dezembro, anunciando um primeiro projeto de acordo comercial, segundo o qual os Estados Unidos estão dispostos a cortar tarifas sobre produtos chineses no valor de US$ 375 bilhões. A dança com o poder econômico da China está, entretanto, longe de terminar.
Afeganistão: meta é retirada militar
No início de dezembro, o governo dos EUA retomou as negociações com o Talibã. A milícia deve depor suas armas e concordar em negociar com o governo afegão. Só então a situação de segurança no Afeganistão se estabilizaria, e os EUA poderiam retirar suas tropas, com exceção de um pequeno contingente. "Há uma grande pressão do público e do Congresso por uma retirada rápida", diz Marvin Weinbaum, chefe do programa para o Afeganistão do think tank Middle East Institute.
Trump tem trabalhado para reduzir drasticamente o número de soldados americanos no Afeganistão desde o início de sua presidência. No ano eleitoral, deve se tornar particularmente importante para ele poder anunciar tal sucesso. "Não sabemos exatamente quanto tempo levaria essa retirada de tropas, mas acho que a maioria dos soldados deve estar fora do Afeganistão antes das eleições", crê Weinbaum. "Então Trump poderá dizer: 'Quando eu começar meu segundo mandato, eles vão estar fora de lá.'"
Coreia do Norte: pouco progresso à vista
Um dia Trump e o governante da Coreia do Norte, Kim Jong Un, comemoram sua amizade política, no outro, trocam insultos e ameaças. "Os Estados Unidos cometeram uma estupidez que vai voltar como um bumerangue", declarou o Ministério do Exterior da Coreia do Norte em meados de dezembro, depois que os Estados Unidos criticaram os testes de mísseis norte-coreanos no Conselho de Segurança da ONU.
O vaivém continuará em 2020. Trump se encontrou com Kim repetidamente e quer que a Coreia do Norte encerre seu programa nuclear. Os EUA encontrarão obstáculos nesse caminho no próximo ano. Pyongyang dera um prazo até o fim de 2019. Se o Washington não mostrar mais flexibilidade até então, o governo norte-coreano ameaça seguir "um novo caminho".
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