Os fantasmas que assombram a Europa
20 de setembro de 2004"Quando muitas pessoas, ao mesmo tempo, votam em extremistas de direita, em neocomunistas e principalmente em ninguém, significa que a democracia (no caso, nos estados da ex-Alemanha Oriental) não se encontra essencialmente abalada, mas em em um estado lastimável. [...] Isso não quer dizer que muitos alemães-orientais tenham saudades do Muro de Berlim. No entanto, a herança do longo domínio do SED (partido único da ex-Alemanha Oriental) ainda surte efeitos: uma compreensão errônea do papel e das possibilidades do Estado."
Süddeutsche Zeitung, Alemanha
Pode ser que a situação no Leste alemão esteja um pouco pior que no Oeste do país e que nos estados da ex-Alemanha Oriental tenham sido cometidos erros. Mas continuar se vendo como a vítima da política malvada, afogando a razão na teimosia, não leva a lugar algum. A situação lembra as palavras de Kennedy, de que não se deve perguntar o que um país pode fazer para si mesmo, mas o que a própria pessoa pode fazer para o país. Infelizmente, uma verdade."
Neue Zürcher Zeitung, Suíça
"Dois fantasmas assombram o coração da Europa: os espíritos dos neonazistas e do neocomunismo stalinista. Quase 15 anos depois da queda do 'Muro da Vergonha', facções da extrema direita xenófoba, antiocidental e anti-semita, além dos herdeiros da ditadura da RDA (República Democrática Alemã) saem vitoriosas em duas eleições estaduais no Leste do país."
La Repubblica, Itália
"Das reações um tanto quanto acanhadas aos resultados das eleições em prol do NPD na Saxônia e da DVU em Brandemburgo, pode-se deduzir que, na Alemanha, não se encontrou ainda uma forma adequada de enfrentar rumos políticos indesejáveis. Nos últimos 40 anos, foi possível observar períodos marcados por 'escapadas à direita' – principalmente fora do sistema parlamentar, mas também dentro dele."
De Volkskrant, Holanda
"A causa do descontentamento acumulado no Leste alemão transbordou ontem nas eleições da Saxônia e de Brandemburgo, que permitiram à extrema direita seu melhor resultado nos últimos seis anos e uma ascensão dos neocomunistas do PDS. [...] A extrema direita não havia conseguido em nenhuma ocasião chegar ao Parlamento federal na Alemanha do pós-guerra e pode ser que o resultado de ontem não seja mais que um sobressalto, um voto de protesto. Mas a Saxônia e Brandemburgo compõem mais de um terço da população da antiga Alemanha Oriental."
El País, Espanha
"A lição é amarga: comparadas às metas do outono de 1989, essas eleições podem ser chamadas de contra-revolução. Pois somando-se as abstenções e os eleitores da DVU, NPD e PDS, a maioria do habitantes da Saxônia e de Brandemburgo decidiu-se contra a democracia, contra os valores daquele outono de 1989."
Der Spiegel, Alemanha