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Os idiomas de minorias ainda falados na Alemanha

Nadine Mena Michollek
11 de março de 2023

Na Alemanha não se fala só alemão. Há línguas regionais e de minorias no país que recebem proteção especial. Entre suas origens estão os vikings, o sânscrito e tribos eslavas.

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Duas crianças no "casamento dos pássaros", celebração anual sórbia
Minoria sórbia ainda preserva suas tradições na Lusácia (Lausitz), na fronteira da Alemanha com Polônia e República Tcheca.Foto: Sebastian Kahnert/dpa/picture alliance

Jornais, programas de rádio e televisão, até mesmo escola e sistema educacional próprios − as minorias nacionais reconhecidas na Alemanha preservam seus idiomas de diferentes maneiras. Existem quatro minorias reconhecidas nacionalmente na Alemanha: a minoria dinamarquesa, os sórbios, o grupo étnico frísio e as etnias sinti e roma (ciganos) alemães. Eles falam um total de seis línguas minoritárias. A Alemanha protege ainda o idioma regional baixo-alemão.

Dinamarquês – origem nos vikings

A minoria dinamarquesa na Alemanha tenta preservar seu idioma com um sistema educacional próprio, através de comunidades religiosas e instituições sociais. Esta minoria hoje se identifica principalmente por meio de suas tradições e língua, que são intimamente ligadas à Dinamarca.

A minoria dinamarquesa surgiu em 1864. Naquela época, o independente Ducado de Schleswig caiu para o Reino da Prússia na Guerra Dinamarquês-Prussiana. Isso tornou a população dinamarquesa uma minoria na área. A Prússia mais tarde se tornaria parte do recém-formado Império Alemão.

O idioma dinamarquês surgiu há mil anos e remonta aos vikings. No final da Era Viking, as línguas nórdicas se desenvolveram independentemente umas das outras. O dinamarquês é uma das cinco línguas nórdicas, junto com norueguês, sueco, islandês e feroês.

Sinal de trânsito em alemão e em baixo-alemão
Sinal de trânsito bilíngue, em alemão e em baixo-alemão, em região do norte da AlemanhaFoto: Frank Molter/dpa/picture alliance

Frísio – influências dinamarquesa e inglesa

Emissoras de rádio em frísio, textos em jornais locais, um aplicativo de dicionário e a oportunidade de aprender frísio da escola à universidade – é assim que os frísios estão comprometidos com seu idioma. Porque, além da cultura e história comuns, a língua também é uma parte importante de sua identidade.

O grupo étnico frísio vive há séculos ao longo da costa do Mar do Norte, entre a Holanda e a fronteira dinamarquesa, na atual Alemanha. Existem três grupos frísios na Alemanha: primeiro, os frísios do norte, com idioma próprio. Em segundo, os frísios orientais: eles não falam mais o frísio, mas o baixo-alemão. E, em terceiro, os frísios sater, que falam o frísio sater. Eles formam um dos menores grupos linguísticos da Europa.

Assim como o inglês, o holandês e o alemão, o frísio pertence ao grupo de línguas germânicas ocidentais. As influências inglesa e dinamarquesa ainda são evidentes hoje. Por exemplo, em frísio, hiir (ouvir), soa como hear, do inglês. Para "menino", dizem dring, semelhante a dreng, do dinamarquês.

Romani – origens no antigo sânscrito indiano 

Os sinti e roma compõem a principal minoria reconhecida nacionalmente na Alemanha. Eles falam o idioma romani. Os sinti vivem em território de língua alemã desde o século 15, e os roma, desde meados do século 19.

O romani existe há cerca de 2 mil anos. Sua origem está no sânscrito indiano. Portanto, presume-se que sinti e roma originalmente emigraram da Índia. No entanto, seria um estereótipo de fundo racistaa ideia de que estes sejam povos "nômades", pois as razões para a migração seriam muitas vezes a pobreza, a guerra ou expulsões de territórios.  A maioria vive permanentemente em um lugar há séculos.

Os sinti e roma preservaram o romani de maneira oral por gerações. A língua está em constante mudança: existem inúmeros dialetos que são moldados pela região em que as pessoas vivem.

Durante o período nazista, houve um declínio acentuado entre as minorias: os nazistas assassinaram muitos idosos, de modo que muitas vezes a língua não podia mais ser transmitida. Outra razão para o declínio do romani é que o idioma nativo muitas vezes inibe a língua minoritária. Organizações dos sinti e roma estão lutando contra isso para preservar seu idioma através de literatura, música, poemas e educação em romani.

Mulheres levantam sobre a cabeça bandeiras de sinti e roma
Representantes de minorias sinti e roma no aniversário do Dia Europeu em Memória do Holocausto no antigo campo de concentração de Auschwitz-BirkenauFoto: Alik Keplicz/AFP/Getty Images

Sórbio ou sorábio – língua eslava ocidental

Os sórbios descendem de tribos eslavas do nordeste dos Cárpatos. Eles chegaram à área entre o Mar Báltico e a região da cadeia de montanhas Erzgebirge há cerca de 1.500 anos. Na Lusácia (Lausitz), que fica na fronteira da Alemanha com Polônia e República Tcheca, eles conservam até hoje os seus trajes típicos, música tradicional, feriados e língua.

O sórbio é um idioma eslavo ocidental. Tem parentesco principalmente com polonês, tcheco e eslovaco. Existem duas línguas sórbias: o alto-sórbio e o baixo-sórbio.

Os nazistas não perseguiram os sórbios de forma específica, mas houve uma proibição da língua e das organizações sórbias. Hoje, o idioma está sendo cada vez mais substituído pelo alemão. A minoria tenta apoiar a língua e seu uso com creches e escolas bilíngues, missas nas igrejas em língua sórbia, bíblias, programas de TV e rádio, aulas da língua e sinalização em dois idiomas.

Baixo-alemão (Plattdeutsch) – idioma dos navegantes

O baixo-alemão era a língua dos marinheiros. Na época da Liga Hanseática, os mercadores marítimos daquela poderosa aliança usavam o baixo-alemão como língua de negociação. Por volta de 1230 a 1600, mercadores no norte da Alemanha, nas costas dos mares Báltico e do Norte, entre Londres, Bergen e Novgorod, falavam baixo-alemão com seus parceiros comerciais.

Hoje, o baixo-alemão é falado principalmente em família, com amigos e conhecidos. Existem diferenças linguísticas regionais. Na área do baixo-alemão, cerca de 16% falam ativamente o idioma. O baixo-alemão é particularmente difundido nas áreas rurais e entre idosos.

O baixo-alemão ainda é passado para a próxima geração por meio de aulas nas escolas, jogos e cantigas nos jardins de infância. Ele é considerado também na formação de professores, e existem projetos de pesquisa de baixo-alemão em várias universidades.