Os magos de Matrix
4 de junho de 2003Como os irmãos Larry e Andy Wachowski, diretores de Matrix Reloaded, conseguiram levar às telas as cenas espetaculares que fascinam os espectadores de todo o mundo? Não há nenhum mistério: contaram com uma equipe de 30 físicos, matemáticos e engenheiros de computação de diversas nacionalidades, que trabalham na modesta firma Mental Images, sediada em Berlim.
Rolf Herken, 48 anos, estudou física teórica e estava escrevendo um doutorado sobre gravidade quântica quando decidiu abrir a empresa voltada à produção de efeitos especiais, em 1986. Não demorou muito para se tornar conhecido em Hollywood. Desde então, a Mental Images já colaborou em mais de 120 filmes, entre eles, os consagrados Guerra nas Estrelas - Episódio II, Harry Potter e Matrix.
Software poderoso
O fato de os cineastas norte-americanos procurarem justamente o serviço de uma pequena firma de Berlim se deve à competência da equipe em saber manusear o Mental Ray, um software extremamente complexo, desenvolvido em 1989 pelo próprio fundador da empresa. "O programa utiliza algorítmos matemáticos que ajudam a interpretar as instruções que descrevem uma cena tridimencional, transformando-as em imagens de realismo fotográfico", resumiu Ludwig von Reiche, vice-presidente da Mental Images.
A tecnologia do software Mental Ray é empregada por técnicos em efeitos especiais em cerca da metade das produções anuais que se utilizam desses truques. "As imagens são revolucionárias", admitiu von Reiche. Sua opinião é compartilhada pelos membros da Academy Award, de Los Angeles. No dia 1º de março de 2003, a Mental Images recebeu um prêmio da prestigiada academia, que é considerado o maior reconhecimento do cinema americano para com pessoas e companhias por suas contribuições científicas ou técnicas nas realizações cinematográficas.
Real ou virtual?
A mistura de ficção e realidade é tão perfeita que nem mesmo os especialistas da Mental Images sabem dizer exatamente quais os personagens, objetos ou cenários de Matrix Reloaded que são virtuais ou não. "A arte dos cineastas está em conseguir combinar as cenas reais e as produzidas em computadores sem que perceba a diferença", esclareceu von Reiche.
Para atingir a perfeição máxima e provocar um bom impacto entre os espectadores, o software sofreu contínuos aperfeiçoamentos. "Aí o fuso horário esteve a nosso favor. Quando o pessoal ia dormir na Califórnia, nós aqui em Berlim podíamos continuar trabalhando na solução dos problemas que surgiam", revelou o vice-presidente da Mental Images. Mais um ponto em prol da cooperação transatlântica.