Os oito presos executados na Indonésia
28 de abril de 2015Além do brasileiro Rodrigo Gularte, outros seis estrangeiros e um indonésio foram executados nesta quarta-feira (horário local) por um pelotão de fuzilamento na Indonésia.
Eles foram condenados por tráfico de drogas, crime passível de pena capital no país, e esgotaram todas as opções de recursos judiciais.
A filipina Mary Jane Veloso, que também estava no corredor da morte, conseguiu um recurso de última hora e não foi executada.
Myuran Sukumaran (Austrália)
Era um dos chamados "Nove de Bali", nome pelo qual ficou conhecido um grupo de nove australianos, presos em 17 de abril de 2005, ao tentarem deixar a Indonésia com 8 quilos de heroína, avaliados em 3 milhões de dólares, com destino à Austrália.
Nasceu em Londres, em 1981, filho de um casal cingalês. Mudou-se, ainda criança, para a Austrália com a família. Largou a universidade em Sydney por conta de seu envolvimento no tráfico de drogas. Na prisão, era descrito como um detento exemplar, que se dedicava à pintura e ajudava outros presos com aulas de inglês.
Andrew Chan (Austrália)
Como Sukumaran, Andrew Chan, de 31 anos, também era de Sydney e um dos "Nove de Bali". Filho de imigrantes chineses, ele se tornou um cristão fervoroso na penitenciária e, após seis meses estudando teologia, foi nomeado pastor em fevereiro.
Na última segunda-feira, casou-se, em cerimônia na prisão, com uma indonésia, pastora como ele. Os dois se conheceram quando ela fazia trabalho voluntário na penitenciária.
Rodrigo Gularte (Brasil)
Foi detido em 31 de julho de 2004, ao desembarcar no aeroporto de Jacarta com seis quilos de cocaína, escondidos em pranchas de surfe. A condenação ocorreu no ano seguinte.
Natural de Foz do Iguaçu, ele foi criado em Curitiba, numa família de classe média alta ao lado da mãe e dos irmãos mais velhos, Cássio e Adriana. Quando decidiu viajar, morava há cerca de cinco anos em Florianópolis.
Quando foi preso, ele já havia ido à Indonésia outras vezes, para surfar com amigos, e contou à mãe que pretendia trazer peças de artesanato de Bali, com o objetivo de iniciar um negócio no Brasil.
Para tentar evitar a execução, a família pediu que Gularte fosse transferido para um hospital psiquiátrico, alegando que ele foi diagnosticado com esquizofrenia. O paranaense passou em março por um exame a pedido das autoridades indonésias, mas o resultado jamais foi tornado público.
Sylvester Obiekwe Nwolise (Nigéria)
Nasceu em 1965, na Nigéria. Foi condenado à morte em setembro de 2004, considerado culpado de traficar 1,1 quilo de heroína no aeroporto de Jacarta, dois anos antes.
Supostamente estaria liderando o tráfico de drogas dentro da prisão de Nusakambangan, onde ocorrem as execuções. Seu último recurso na Justiça foi rejeitado em fevereiro.
Okwudili Oyatanze (Nigéria)
Foi preso também no aeroporto de Jacarta, em 2001, por tentar entrar, vindo do Paquistão, com 2,5 quilos de heroína em cápsulas no estômago. Foi sentenciado à morte no ano seguinte. Desde então, Oyatanze, de 45 anos, compôs mais de 70 músicas e gravou discos de música gospel.
Martin Anderson (Nigéria)
Sabe-se pouco sobre o nigeriano de 50 anos. Ele foi inicialmente identificado como ganês porque usava um passaporte falso quando foi detido, em 2003. Levava apenas 30 gramas de heroína, mas acabou acusado de ser integrante de uma quadrilha em Jacarta e foi sentenciado à morte em 2004.
Jamiu Owolabi Abashin (Nigéria)
Nasceu na Nigéria, mas entrou na Indonésia usando um passaporte falso espanhol com o nome de Raheem Agbaje Salami. Foi preso em setembro de 1998, com cinco quilos de heroína escondidos em sua mala no aeroporto de Surabaya. Foi condenado à prisão perpétua em abril de 1999, pena que foi reduzida para 20 anos. Após recurso, a Suprema Corte condenou-o à morte.
Era o estrangeiro que há mais tempo aguardava no corredor da morte indonésio. Ele jamais confessou ter a intenção de praticar o crime. Alegava que a mala era de um amigo, que o acolheu quando vivia nas ruas de Bangcoc e pediu que ele levasse um pacote com roupas usadas para uma mulher em Surabaya, na Indonésia.
Zainal Abidin, (Indonésia)
É único não estrangeiro do grupo executado. Tinha 50 anos e foi condenado depois que a polícia encontrou cerca de 60 quilos de maconha em sua casa, em dezembro de 2000.
Abidin alegava que a droga era de dois amigos que estavam hospedados em sua casa e diz que não sabia o que os pacotes continham. Foi condenado em 2011, a 15 anos de prisão, mas no mesmo ano teve a sentença convertida para pena de morte.
RPR/dpa/afp