Os primeiros cineastas alemães
Alguns são nomes consagrados do expressionismo alemão, muitos fugiram do país após a ascensão do nazismo e outros se firmaram em Hollywood. Conheça alguns dos diretores que marcaram o início da sétima arte na Alemanha.
Fritz Lang (1890-1976)
Nascido em Viena, o cineasta é um dos nomes mais importantes dos primórdios do cinema alemão. Diretor de clássicos como "Metrópolis", considerado o precursor dos filmes de ficção científica, "Dr. Mabuse" e "M, o vampiro de Düsseldorf", entre outros, Lang criou personagens caricatas que mais tarde se tornariam realidade na política nazista. Sua estética inspirou muitos nomes do cinema no mundo.
Lotte Reiniger (1899-1981)
Autora, entre outros, do primeiro longa-metragem de animação da história do cinema ("As aventuras do Príncipe Ahmed", 66 minutos), a diretora berlinense é admirada pela precisão com a qual esboçava suas figuras. Fã confessa da dança e do teatro, recorreu com frequência aos contos de fadas, mitos e libretos de ópera para realizar seus filmes. É a grande pioneira do cinema de animação na Alemanha.
Friedrich Wilhelm Murnau (1888-1931)
Autor do clássico "Nosferatu", que popularizou os filmes de vampiro, Murnau dirigiu longas que antecipariam nas telas os horrores da Segunda Guerra. Em "Fausto", o diabo Mefisto quer dominar o mundo e corrompe a alma de um professor. Filme de contrastes fortes, típicos do expressionismo alemão, é admirado até hoje por sua precisão estética. Murnau deixou a Alemanha antes da ascensão do nazismo.
Ernst Lubitsch (1892-1947)
Considerado mestre das comédias, Lubitsch trabalhou com grandes atores e atrizes de seu tempo, como Marlene Dietrich e Greta Garbo. Admirado posteriormente por nomes como Orson Welles e Alfred Hitchcock, era um dos poucos diretores capazes de entusiasmar público e crítica ao mesmo tempo. Um dos primeiros estrangeiros respeitados em Hollywood, realizou em torno de 70 filmes.
Georg Wilhelm Pabst (1885-1967)
Cineasta controverso por ter continuado a trabalhar na Alemanha durante o nazismo, G.W. Pabst foi importante para o cinema da República de Weimar. Além de "Segredos de uma Alma", sobre obsessão e fobia, realizado com apoio de psicanalistas, adaptou "A ópera dos três vinténs", de Bertolt Brecht. O filme resultou em um processo movido por Brecht, avesso a ver sua obra "transformada em mercadoria".
Walter Ruttmann (1887-1941)
Diretor do clássico "Sinfonia de uma metrópole", filme de 1927 tem Berlim como protagonista (em 2002, foi rodado um remake dirigido por Thomas Schadt). O filme, que documenta o cotidiano da cidade durante um dia, é considerado obra pioneira do documentário – gênero ainda não categorizado como tal nos anos 1920. Ruttmann concentrava-se em apresentar, de maneira abstrata, o movimento na tela.
Robert Wiene (1873-1938)
É o diretor de "O gabinete do Doutor Caligari" (1920), obra prima do expressionismo alemão e um dos primeiros filmes produzidos em estúdio. Construído como um delírio projetado na tela, o longa-metragem questiona o conceito de "normal", tendo se tornado obra obrigatória para qualquer cinéfilo. Suas imagens distorcidas e o uso da luz expõem os efeitos do autoritarismo e da tirania entre as massas.
Leni Riefenstahl (1902-2003)
A mais controversa entre as cineastas alemãs foi a diretora predileta de Hitler e colocou sua produção a serviço do nazismo. Diretora de sete filmes, passou anos no ostracismo até ser "redescoberta" por especialistas que dissociam seus filmes do contexto político para analisá-los apenas como expressões estéticas – postura vista como inviável por outras correntes de pensamento.
Max Ophüls (1902-1957)
O franco-alemão Max Ophüls começou sua carreira na década de 1920. Mais tarde, mudou-se para Hollywood, onde fez quatro filmes antes de retornar à Alemanha. Hoje, dá nome a uma das principais premiações de cinema do país. Nascido no Sarre, chamava-se de fato Max Oppenheimer. O belo "Carta de uma desconhecida" foi seu filme mais elogiado, admirado entre outros pelo cineasta americano Joseph Losey.
Billy Wilder (1906-2002)
Nascido na Polônia, cresceu Viena e mudou-se em 1929 para Berlim, de onde fugiu em 1933, com a ascensão do nazismo, devido à origem judaica. Vários de seus parentes, inclusive sua mãe, foram assassinados em Auschwitz. Cineasta alemão mais premiado em Hollywood, recebeu seis Oscars e foi indicado 21 vezes para o prêmio. Entre seus filmes estão "O pecado mora ao lado" e "Quanto mais quente melhor".