1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Os principais pontos para entender a eleição nos EUA

Cristina Burack
3 de novembro de 2020

De como o vencedor será definido até quanto tempo vai levar para o resultado final, a DW preparou um guia do que é necessário saber para acompanhar as eleições no Estados Unidos.

https://p.dw.com/p/3kocK
Eleitora vota em Fayetteville, nos Estados Unidos
Eleitora vota em Fayetteville, nos Estados UnidosFoto: Melissa Sue Gerrits/Getty Images

Expectativa de votação recorde

O comparecimento às urnas em eleições presidenciais é relativamente baixo nos Estados Unidos em comparação com outros países e ficou em torno de 55% em eleições anteriores. Este ano, porém, a pandemia de covid-19 levou muitos estados a modificarem suas regras eleitorais e a ampliarem as opções de votação antecipada e pelo correio.

Um número recorde de 85 milhões de americanos já haviam votado ou enviado seu voto pelo correio até 30 de outubro. Nessa mesma data, no Texas, o número de cédulas eleitorais entregues já era maior do que o alçando na votação de 2016.

Mais de 96 mil americanos já haviam votado antecipadamente até o dia antes da eleição, o que representa mais de 45% dos eleitores registrados no país. Com o comparecimento às urnas nesta terça-feira (03/11), dia da eleição, o número total de votantes desta eleição deverá ser recorde.

Faz diferença quem for às urnas no dia 3

Mesmo com o voto antecipado em alta por causa da pandemia, o comparecimento às urnas nesta terça-feira vai desempenhar um papel fundamental. Republicanos preferem comparecer nos locais de votação no dia da eleição, por isso a campanha do presidente Donald Trump conta com uma ida em massa de apoiadores nesta terça.

O voto antecipado dá uma pequena vantagem ao democrata Joe Biden, mas os eleitores negros, que tendem amplamente a optar pelos democratas, também preferem comparecer às urnas no dia da eleição, e a taxa de comparecimento deles poderá ser determinante para uma vitória de Biden.

Outro grupo importante são os eleitores com menos de 30 anos, que representam uma grande parte dos que não votaram em 2016, mas que aparentam estar fortemente mobilizados este ano. Nesse grupo, 63% dos que pretendem votar apoiam Biden. O comparecimento deles também pode ser decisivo.

Nem sempre o mais votado se torna presidente dos EUA

Os latinos, um bloco heterogêneo com uma preferência partidária inconstante, pode ajudar a definir o resultado em alguns estados — para ambos os lados. Nas últimas eleições, o comparecimento dos latinos às urnas foi menor do que a média do país, mas um número recorde de 32 milhões está apto a votar em 2020. Se eles forem mesmo votar, poderão ser decisivos.

O número mágico é 270

A eleição presidencial nos Estados Unidos não é decidida no voto popular. O novo presidente é escolhido pelo Colégio Eleitoral, que reúne 538 delegados estaduais, que são indicados pelos estados e pelo distrito federal de Washington DC. Um candidato à presidência necessita vencer num número de estados que lhe garanta a maioria dos delegados, ou seja, 270. Isso é a única coisa que conta.

O que importa são os estados indecisos

Como a distribuição dos delegados entre os estados não reflete perfeitamente o número de eleitores, alguns estados influenciam a eleição de forma desproporcional. Muitos estados, como a Califórnia, são vitória certa para um dos dois partidos. Assim, os estados realmente decisivos passam a ser aqueles com um grande número de delegados e onde a vitória não é certa para nenhum partido.

Esses são a Flórida (29 votos no Colégio Eleitoral), a Pensilvânia (20), Ohio (18), Michigan (16), a Carolina do Norte (15), o Arizona (11), Minnesota (10) e Wisconsin (10). Este ano, a disputa em dois estados que costumam dar a vitória para os republicanos, a Geórgia (16 delegados) e o Texas (38), também está acirrada. Se Biden vencer num destes dois, ele terá uma enorme vantagem no Colégio Eleitoral.

Os resultados em alguns estados decisivos poderão demorar

A divulgação do resultado final no estados depende da localização deles e das regras eleitorais estaduais. A parte continental dos EUA se expande por quatro fusos horários, mais dois outros para o Alasca e o Havaí. As primeiras urnas fecham às 20h (horário de Brasília). As demais fecham nas seis horas seguintes. As projeções do resultado estadual começam a ser divulgadas depois de a votação estar encerrada num estado e levam em conta as pesquisas de boca de urna e os votos já contados.

Este ano, o grande número de votos pelo correio poderá atrasar a contagem. Em alguns estados, a lei permite que a contagem comece já antes do dia da eleição. Em outros estados não podem começar antes do dia 3.

Alguns estados também ampliaram o prazo para a chegada dos votos pelo correio, o que significa que votos poderão continuar chegando mesmo dias depois da eleição. Em estados onde a disputa é acirrada, justamente estes votos poderão definir o vencedor.

Poderá levar um tempo até estar claro quem venceu

Se os resultados nos estados onde a contagem for mais rápida não garantirem 270 votos no Colégio Eleitoral para nenhum dos dois candidatos, será necessário esperar pelo resultado nos estados onde a contagem estiver mais lenta por causa do elevado número de votos pelo correio. Assim, poderá levar dias ou mesmo semanas para que o próximo presidente dos EUA seja conhecido.

Margens estreitas de vitória também poderão levar a questionamentos legais, que poderão atrasar ainda mais o resultado final.

Mas há uma data limite: 8 de dezembro. Até lá, todos os delegados estaduais deverão ter sido indicados pelos estados para que o Congresso acate o resultado da eleição.

Também há eleições para o Congresso

Além do presidente, os eleitores dos Estados Unidos escolherão também novos congressistas. Todas as 435 cadeiras da câmara baixa, a Casa dos Representantes, serão renovadas, e os democratas deverão manter a maioria.

No Senado, hoje com maioria republicana, há 35 vagas em aberto, e em muitas delas a disputa é acirrada, o que torna difícil saber quem terá a maioria.

Alguns estados hoje controlados pelos republicanos, como o Arizona, poderão passar para os democratas, e alguns estados hoje democratas, como o Alabama, poderão passar para as mãos dos republicanos. Os democratas precisar adicionar quatro senadores ao seu número atual para chegar à maioria.