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Os prós e contras do fornecimento de armas aos rebeldes sírios

20 de fevereiro de 2013

Temor de que armas inflamem o conflito ou caiam nas mãos erradas leva o Ocidente a pensar duas vezes antes de ajudar a oposição. Já os defensores do fornecimento dizem que a guerra poderia terminar mais cedo.

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A rebel fighter shoots towards Syrian government forces through a window at a flat in the Salaheddine neighbourhood of Aleppo on February 16, 2013. More than 300 people were abducted by armed groups in northwestern Syria over two days in an unprecedented string of sectarian kidnappings, a watchdog and residents said. AFP PHOTO/BULENT KILIC (Photo credit should read BULENT KILIC/AFP/Getty Images)
Syrien Rebellen in AleppoFoto: Bulent Kilic/AFP/Getty Images

A oposição síria exige, dos países ocidentais, armas para lutar contra o regime de Bashar al-Assad. Mas Estados Unidos e Europa são reticentes. Armar ou não os rebeldes foi tema de um intenso debate na última segunda-feira (18/02), em Bruxelas, durante encontro de ministros do Exterior da União Europeia. Na reunião, ficou decidido que o embargo de armas imposto pelo bloco às duas partes envolvidas na guerra, inicialmente previsto para terminar em 1º de março, valerá por mais três meses.

No encontro, o ministro alemão do Exterior, Guido Westerwelle, alertou para o risco de uma corrida armamentista em caso de queda do embargo. "Isso levaria a uma nova escalada da violência e a muito mais vítimas", afirmou.

Por trás dos prós e contras do embargo, aspectos políticos, militares, humanitários e étnicos têm peso importante. Um temor é de que armar a oposição serviria apenas para inflamar o conflito (dar armas a Assad, pelo menos no Ocidente, é algo totalmente fora de questão).

Ajudar os rebeldes, diz o especialista alemão Michael Brzoska, deixaria a guerra na Síria ainda mais sangrenta. Segundo Brzoska, diretor do Instituto de Pesquisas de Paz e Segurança Política da Universidade de Hamburgo, os opositores lutam com armas menores. Se tiverem em mãos armamento pesado, o nível de violência subirá consideravelmente.

Os que defendem armar os rebeldes, por outro lado, argumentam que é importante aumentar a força militar da oposição. "Se eles se tornarem mais fortes, poderão vencer a guerra mais rápido e, assim, diminuir o número total de vítimas", diz o pesquisador, explicando a forma como os opositores ao embargo argumentam.

Rebellen der Freien Syrischen Armee (FSA) streifen am 07.02.2013 durch das zerstörte Sheik Saaid, einen Stadtteil von Aleppo, der ihnen als Ausgangspunkt im Kampf um eine Zementfabrik dient. Das syrische Regime ist zu einem Dialog mit der Opposition «ohne Vorbedingungen» bereit. Die Tür für einen Dialog sei geöffnet, sagte der syrische Informationsminister Omran al-Subi dem syrischen Staatsfernsehen am 08.02.2013. Foto: Jan-Niklas Kniewel dpa
Destruição em Aleppo, uma das cidades mais castigadas pelo conflito sírioFoto: picture-alliance/dpa

O israelense Eyal Zisser, especialista em Síria, ressalta a questão moral. Ele diz ser compreensível, do ponto de vista rebelde, esperar ajuda internacional. "Ele estão sendo brutalmente massacrados pelo regime", afirma o analista, ex-diretor do Centro Moshe Dayan de estudos do Oriente Médio em Tel Aviv. "É justo fornecer armas aos rebeldes para que eles possam se proteger do regime."

Embargo furado

O embargo de armas, defendido pela União Europeia, EUA e alguns outros países, não é eficiente. Catar e Arábia Saudita estariam fornecendo armamento aos rebeldes. Se a Turquia também está, e em que quantidade, não é possível afirmar com certeza, diz Brzoska. Além disso, traficantes libaneses estariam levando armas para a Síria. E mesmo do Ocidente estariam chegando armas, diz o especialista, através dos serviços de inteligência. "Mas não se sabe muito sobre isso", afirma.

Segundo Zisser, mais do que qualquer outra coisa, os rebeldes querem mísseis superfície-ar (SAM, na sigla em inglês), já que não têm como se defender dos ataques aéreos do regime. Em grande parte, explica, a oposição tem armas pequenas e foguetes antitanque. Brzoska ressalta, por sua vez, que as forças anti-Assad têm ainda interesse em ter lançadores de foguetes para responder à artilharia de longa distância do Exército sírio.

Na discussão, pesa ainda o argumento dos que temem que armas modernas acabem caindo nas mãos de islamistas radicais. Com essas armas, esses grupos poderiam aumentar sua influência na Síria pós-guerra. Além disso, elas podem eventualmente ser usadas por terroristas contra alvos ocidentais no futuro.

Regime recebe ajuda

GettyImages 149527019 Syrian rebel fighters celebrate on top of a tank captured from the Syrian government forces at a checkpoint in the village of Anadan, about five kilometres (3.8 miles) northwest of Aleppo, on July 30 2012, after a 10-hour battle. The strategic checkpoint of Anadan secures the rebel fighters free movement between the northern city of Aleppo and Turkey, a Free Syrian Army commander and an AFP journalist said. AFP PHOTO/JUNOT DIAZ (Photo credit should read JUNOT DIAZ/AFP/Getty Images)
Rebeldes sírios em tanque capturado do ExércitoFoto: AFP/Getty Images

Zisser vê mísseis antiaéreos como um perigo real. E argumenta que, como a oposição síria não tem uma liderança política ou militar unificada, não seria possível monitorar essas armas. "Uma vez armados, é impossível saber o que acontecerá no final", alerta.

Mas, segundo Brzoska, os defensores do fornecimento de armas levam em conta esse aspecto em seus argumentos. Dando armamento aos rebeldes, afirma, a Europa teria mais influência do que se elas simplesmente saíssem de países do Golfo. "Transferir (o fornecimento de armas) de Estados conservadores árabes para países europeus é, provavelmente, um instrumento melhor para assegurar que apenas grupos mais alinhados ao Ocidente tenham acesso ao armamento", afirma.

O regime de Assad, ao mesmo tempo, consegue abertamente contar com contínua ajuda externa. A aliada Rússia, explica Brzoska, reduziu o fornecimento de armas para pressionar Assad a negociar, mas armamento continua chegando de Moscou. Além disso, o Irã estaria driblando o embargo com a ajuda do Hisbolá. E, como se não bastasse, Damasco provavelmente tem arsenais dos tempos da Guerra Fria para sustentar o conflito por um longo tempo.

Autor: Andreas Gorzewski (rpr)
Revisão: Francis França