Os times do tipo elevador na Bundesliga
12 de fevereiro de 2019A atual temporada da Bundesliga já teve 21 rodadas, de um total de 34. Mais da metade do campeonato já foi percorrido e começa a se delinear um quadro, ainda que aproximado, das equipes que estão seriamente ameaçadas pelo rebaixamento.
Na história recente do futebol alemão, desde a fundação da Bundesliga em 1963, quatro clubes ostentam o título pejorativo de "time elevador". O líder neste quesito é o Nurembergue (1. FC Nürnberg no original) que passou pelo desprazer do rebaixamento em oito oportunidades, sendo a última em 2014.
A bem da verdade, o Nurembergue já viveu tempos de glória. Ao todo levantou a Salva de Prata de campeão alemão em nove temporadas. Só na década de 1920, por exemplo, ergueu o título cinco vezes. Foi nessa época que ganhou o apelido de "Der Klub" (O Clube). Bons tempos que, aparentemente, não voltarão tão cedo.
Os atuais índices numéricos apontam para mais uma descida rumo à segunda divisão. O time está em último lugar, a seis pontos da salvação e faz uma campanha nefasta no segundo turno: apenas um empate e três derrotas. A queda de produção do Nurembergue no returno já está se tornando uma tradição.
Foi assim em 2014 quando, a esta mesma altura do campeonato, após a 21ª rodada, o time estava a salvo, em 14º lugar. Quando a temporada terminou, amargou o penúltimo lugar na tabela, a seis pontos do bote salva-vidas e deu adeus temporariamente à divisão de elite do futebol alemão. Só voltou em 2018 e, pelo jeito, o seu elevador já começou a descer de novo.
O vice-campeão no quesito "time elevador" é o Hertha Berlim. Tomou o trem rumo à "segundona" em seis ocasiões. A última foi em 2012. Mesmo com eventuais oscilações de rendimento, atualmente está relativamente bem na Bundesliga. Ocupa o oitavo posto, a 16 pontos da "zona do agrião" e de olho numa vaga para a Liga Europa 19/20. A torcida berlinense não precisa se preocupar e pode respirar aliviada. O seu elevador pode até subir mais um pouquinho. Só não pode despencar no meio do caminho.
Já a torcida do Hannover pode ir colocando as suas barbas de molho. Na tabela dos que mais vezes foram rebaixados de 1963 a 2018, o clube da Cidade das Feiras está em terceiro lugar, com cinco descidas à segunda classe.
A última vez foi em 2016, mas na temporada seguinte conseguiu voltar imediatamente à primeira divisão. Só que novamente vai muito mal das pernas. Já demitiu o técnico André Breitenreiter na semana passada e contratou Thomas Doll, 52 anos. Doll está longe do futebol alemão há mais de dez anos e foi encarregado pela diretoria do Hannover de evitar a todo custo mais um rebaixamento.
Vai ser difícil e, a não ser que haja uma franca e imediata recuperação, os sinais não são nada alentadores. No returno, a equipe já acumula três derrotas e tem apenas uma vitória em casa contra o Nurembergue, que está caindo pelas tabelas.
O ataque do Hannover é um dos piores do campeonato: marcou apenas 20 gols em 21 jogos. Além disso, a defesa é um horror. Em média, sofre dois gols por partida. É a terceira mais vazada, com 44 gols tomados.
Ocupa o penúltimo lugar e está a quatro pontos da tábua de salvação. Reagir nesta situação adversa e se recuperar na tabela de classificação, olhando friamente, não é nenhuma missão impossível.
Acontece que o elenco é fraco, apesar de terem sido contratados alguns reforços em janeiro: Kevin Akpoguma para estabilizar a defesa, Nico Müller para comandar o meio campo e o brasileiro Jonathas (ex-Corinthians) para se tornar o artilheiro da equipe. A verificar se o investimento valeu a pena.
Historicamente, nas cinco vezes em que o Hannover foi rebaixado, o time caiu assustadoramente de produção no segundo turno. Se esta tendência se confirmar, é bem provável que o clube da capital da Baixa Saxônia encare mais uma temporada na segunda classe.
E tem ainda o Stuttgart, que corre por fora e, se o campeonato terminasse agora, teria que disputar a repescagem com o terceiro colocado da segunda divisão. Esse é outro que parece gostar de fortes emoções quando se trata de lutar contra o rebaixamento.
O Stuttgart já tomou o caminho do descenso em cinco oportunidades. A última vez foi em 2017, mas conseguiu voltar imediatamente na temporada seguinte e agora está ameaçado de novo.
Em outubro do ano passado, a cartolagem demitiu o técnico Tayfun Korkut e contratou o então desempregado Markus Weinzierl para o seu lugar. O balanço de sua gestão é desastroso: de 14 jogos disputados, ganhou três, empatou um e perdeu 10! É um aproveitamento de apenas 24%.
Logo após a derrota para o Fortuna Düsseldorf no último fim de semana, houve uma reunião a portas fechas noite adentro, e a diretoria decidiu dar mais uma chance ao seu técnico. Ele vai dirigir o time contra o Leipzig no próximo sábado na Mercedes-Benz-Arena, em Stuttgart. Ficou a impressão que será sua última chance.
Pelo andar da carruagem rumo à "segundona", Nurembergue, Hannover e Stuttgart parecem ser mesmo os candidatos mais sérios a encarar o descenso. Afinal, já estão habituados ao periódico sobe e desce de uma classe para outra, fazendo jus ao apelido de "time elevador".
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Gerd Wenzel começou no jornalismo esportivo em 1991 na TV Cultura de São Paulo, quando pela primeira vez foi exibida a Bundesliga no Brasil. Desde 2002, atua nos canais ESPN como especialista em futebol alemão. Semanalmente, às quintas, produz o Podcast "Bundesliga no Ar". A coluna Halbzeit sai às terças. Siga-o no Twitter, Facebook e no site Bundesliga.com.br
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