Revolta árabe
27 de março de 2011A Otan assumiu neste domingo (27/03) o comando total das operações que implementam a resolução 1973 das ONU na Líbia. A decisão significa que a Otan agora tem o controle total de todos os aspectos da operação, que estava temporariamente a cargo das forças internacionais lideradas pelos Estados Unidos.
"Os aliados da Otan decidiram assumir o comando do conjunto das operações militares na Líbia, nos termos da resolução 1973 do Conselho de Segurança das Nações Unidas", indicou o secretário-geral da aliança, Anders Fogs Rasmussen, no final de uma reunião dos embaixadores dos 28 países-membros do bloco.
"O nosso objetivo é proteger os civis e as regiões povoadas de civis ameaçadas por ataques do regime do coronel Kadafi", acrescentou Rasmussen. A passagem do comando da coligação internacional para a Otan deverá levar entre 48 e 72 horas, precisou um responsável da Aliança Atlântica.
A decisão foi tomada por unanimidade pelos Estados-membros da organização, após vários dias de difíceis negociações sobre o papel da Otan e a sua capacidade para realizar ou não ataques aéreos sobre alvos terrestres.
No final, ficou decidido que a missão da NATO será estritamente de proteção dos civis, não pretendendo intervir para apoiar os revoltosos que combatem as forças do ditador Muammar Kadafi, especificou um diplomata que pediu o anonimato.
Rebeldes tomam cidades estratégicas
Enquanto isso, rebeldes conseguiram avanços na luta contra as forças de Kadafi. Eles reconquistaram neste domingo o vilarejo de Bin Jawad, localizado a 50 quilômetros de Ras Lanuf, cidade estratégica para a indústria petrolífera, que também estaria sob controle dos oposicionistas do regime.
Os rebeldes disseram ter aproveitado os ataques aéreos das tropas francesas a Bin Jawad, operação que destruiu vários tanques de guerra de Kadafi. Encorajados pela falta de resistência encontrada em Bin Jawad, um grupo de rebeldes avançou rumo a Sirte, cidade natal do ditador Muammar Kadafi, localizada 150 quilômetros a oeste.
Apoiados pelos ataques aéreos ocidentais, os rebeldes tomaram também a cidade de Brega, obrigando as tropas de Kadafi a recuar para o oeste. No sábado, as tropas do regime abandonaram a cidade de Adjabiya, e os moradores que haviam fugido para o deserto puderam voltar para casa.
Em Trípoli, o regime protesta contra a intervenção do Ocidente. "Os rebeldes usam a cobertura dos ataques aéreos para avançar", queixou-se o porta-voz do governo Ibrahim Mussa em uma coletiva de imprensa na capital líbia. Segundo o porta-voz, isso não teria mais nenhuma relação com a Resolução 1973 do Conselho de Segurança da ONU, que prevê apenas a proteção da população civil.
Reino Unido teme vingança de Kadafi
Para o ministro da Justiça britânico, Kenneth Clarke, o Reino Unido tem "bons motivos" para não querer a volta de Kadafi ao poder.
Em entrevista ao diário britânico The Guardian, Clarke alertou para o perigo de um ato de vingança por parte de Kadafi, nos moldes do atentado de Lockerbie, em 1988. Na época, agentes secretos líbios foram responsabilizados pelo atentado que matou 270 pessoas a bordo de um avião da Pan Am.
Nesta terça-feira, será realizada em Londres uma conferência para discutir a ação militar da coalizão na Líbia. De acordo com o Ministério do Exterior britânico, mais de 35 países já confirmaram participação no encontro.
Síria
Na Síria, autoridades governamentais decidiram neste domingo revogar a lei de estado de emergência que estava em vigor no país há quase 50 anos, informou Bussaina Schaban, conselheira do presidente Bashar el-Assad. Na semana passada, Damasco anunciara que iria reavaliar a lei instalada no país desde 1963.
Um dia depois do violento ataque contra manifestantes sírios na cidade portuária de Latakia, o domingo amanheceu marcado por um tenso silêncio. De acordo com relatos de testemunhas, o regime do presidente al-Assad direcionou um grande número de soldados para a cidade.
Ativistas de direitos civis sírios convocaram uma greve geral para este domingo. Não ficou claro até que ponto o chamado foi atendido. Na sexta-feira e no sábado, milhares de pessoas foram às ruas em várias cidades do país, para protestar por reformas políticas e liberdades civis.
De acordo com números não confirmados, divulgados pela oposição, as forças de segurança teriam matado cerca de 40 pessoas nesses dois dias de protesto.
FF/dpa/afp/ap/rtr
Revisão: Carlos Albuquerque